A essa altura do campeonato, qualquer filme da Marvel é bem aguardado pelo público. Mas as expectativas são altas para Eternos, filme que irá apresentar o novo grupo de heróis desse universo cinematográfico. Afinal, o projeto conta com direção da recente vencedora do Oscar, Chloé Zhao (Nomadland), e traz um elenco repleto de nomes importantes de Hollywood. Porém, não é somente por sua quantidade que o filme chama atenção: é a diversidade na escolha de tais personagens que promete fazer história nesse gênero tão amado.
Por que Eternos apostam na diversidade?
Nos últimos anos, é inegável que a Marvel tem feito progresso quando o assunto é representatividade. Se os seis Vingadores originais eram brancos (e apenas uma mulher, que nem tinha filme solo até ano passado); novos heróis ganharam aventuras representando diferentes comunidades nas telonas Com um elenco majoritariamente negro, Pantera Negra foi aclamado e venceu Oscars, enquanto o recente Shang-Chi trouxe astros asiáticos e se tornou sucesso de bilheteria, mesmo na pandemia.
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis: Quem é Shang-Chi? Conheça o novo herói da Marvel nos cinemasPorem, a situação ganha outros ares em Eternos. A partir da liderança da cineasta chinesa Chloe Zhao, a ideia foi reunir o grupo mais diverso possível. O objetivo da diretora era representar o mundo atual em que vivemos, onde teve total apoio da Marvel e do chefão Kevin Feige. "Queria que [Eternos] refletisse o mundo. Mas também queria montar um elenco que parecesse um grupo de desajustados. Eu não queria os atletas. Quero que você saia no final do filme sem pensar: 'Essa pessoa é essa etnia, essa pessoa é aquela nacionalidade'. Não. Quero que você saia pensando: 'Isso é uma família'. Você não pensa sobre o que eles representam. Você os vê como indivíduos", contou a diretora ao The Hollywood Reporter.
Quem são os Eternos?
Dentre os dez protagonistas de Eternos, apenas quatro deles são atores brancos (cinco, se você contar Kit Harington, que não é um Eterno especificamente). Para começar, a equipe do longa transformou alguns personagens homens dos quadrinhos em mulheres nas telonas. São os casos de Ajax (Salma Hayek), Sprite (Lia McHugh) e Makkari (Lauren Ridloff). Para Hayek, é um sonho fazer uma heroína aos seus 55 anos, ainda mais considerando como ela foi rejeitada em diversos projetos por ser mexicana.
"Quando Marvel me chamou, achei que iam querer que eu fosse a avó de alguém. Sempre me ligam pra dizer que serei uma figurante ou uma velha prostituta. [...] Quando as pessoas me veem — não somente garotas, minorias e baixinhos; mas qualquer um — quero que acreditem que tudo possa ser possível. Mas não quero que seja baseado numa crença que precisamos sofrer muito para isso. Eu quero que seja baseada em 'por que não?'", contou a atriz de Frida ao EW.
Eternos: Salma Hayek ficou apavorada ao vestir sua fantasia no filme da MarvelPor sua vez, Kumail Nanjiani vive Kingo, o primeiro herói da Marvel vindo do sul da Ásia. Para compor o papel, o ator de Silicon Valley fugiu dos estereótipos que cercam sua comunidade, ou seja, nada de nerds e tímidos. O Eterno é um confiante astro de Bollywood, cheio de poderes especiais. Determinada cena o apresenta numa sequência de dança, ao lado de 50 atores de tal comunidade, algo que Nanjiani descreve como um momento de alegria e representatividade. Outros heróis da Ásia estão presentes no projeto: Sersi é vivida por Gemma Chan, sendo considerada a protagonista do filme; e Don Lee (também conhecido com o nome de Ma Dong-seok) no papel de Gilgamesh.
Primeiro herói gay da Marvel
Durante muito tempo, também surgiu a pressão para a presença da comunidade LGBTQIA+ nos filmes de heróis, afinal vários personagens dos quadrinhos fazem parte desse grupo. Tecnicamente, a Marvel já apresentou heróis gays: Tessa Thompson garantiu que Valquíria estará em busca de uma rainha em Thor: Love and Thunder; enquanto Loki assumiu ser gênero-fluido e bissexual em sua série de TV. Porém, Eternos será a primeira vez que veremos um herói em um relacionamento gay.
Trata-se de Phastos (Brian Tyree Henry), que chegou a filmar aquele que promete ser o primeiro beijo gay de um filme da Marvel. O personagem é casado com um homem interpretado por Haaz Sleiman, com quem tem um filho pequeno. "Nós representamos uma família gay. Tivemos um belo e emocionante beijo, todo mundo chorou no set. É importante mostrar como uma família gay pode ser amável. Esquecemos disso, pois somos sempre representados como sexuais e rebeldes, esquecem de nos conectar com o lado humano", contou Sleiman. Para Kevin Feige, essa relação LGBT "sempre foi algo inerente à história e à composição dos diferentes tipos de Eternos, sendo algo extremamente bem feito".
Marvel promete mais representatividade LGBTQIA+ em suas próximas produçõesPor fim, Eternos tem espaço para mais um marco na história: Makkaris é a primeira heroína surda da Marvel, assim como sua intérprete Lauren Ridloff também tem deficiência auditiva. Inclusive, a atriz está muito contente em representar uma heroína para seu dois filhos, também surdos. "Faz muito sentido ter essa diversidade e representação dentro do MCU porque o que o MCU está oferecendo um caminho para que termos esperança, para sermos capazes de nos levantar e continuar lutando pelo que é importante. Cada vez mais pessoas estão começando a se ver nesse universo, e isso é poderoso", diz ao The New York Times.
Ainda estrelado por Angelina Jolie, Richard Madden e Barry Keoghan; Eternos chega aos cinemas brasileiros em 5 de novembro.