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    Falcão e o Soldado Invernal: Crítica completa da série da Marvel no Disney+

    Falcão e o Soldado Invernal fornece entretenimento empolgante em uma trama que explora temas políticos e sociais relevantes.

    Nota: 4,5/5,0

    Falcão e o Soldado Invernal colocou Sam Wilson, o Falcão (Anthony Mackie) e Bucky, o Soldado Invernal (Sebastian Stan), dois personagens com uma trajetória conhecida no Universo Cinematográfico Marvelem uma nova aventura mundial e perigosa para continuar o legado do Capitão América (Chris Evans) após Vingadores: Ultimato. A produção original da Marvel no Disney+ teve a responsabilidade de manter a qualidade apresentada em WandaVisionque deu o pontapé inicial na Fase 4. E podemos dizer que eles conseguiram...

    A produção começa explorando uma jornada de autoconhecimento e emancipação de Sam Wilson e Bucky Barnes que seria desenvolvida ao longo dos seis episódios. Sam precisa entender e se adaptar ao seu lugar no mundo depois de cinco anos "desaparecido" por causa do Blip do Thanos (Josh Brolin), enquanto não consegue assumir o manto de Capitão América e tem que ajudar a salvar o negócio de sua família, especialmente sua irmã Sarah Wilson (Adepero Oduye). Enquanto isso, Bucky faz terapia para tentar melhorar seus relacionamentos e se livrar do trauma que o persegue por causa de todos os crimes que cometeu durante seus anos como assassino da HYDRA.

    O mundo está quebrado. Todos procuram uma pessoa para consertá-lo

    Tudo isso estabelece um cenário de um mundo quebrado e sem representantes – como Tony Stark (Robert Downey Jr.) ou Steve Rogers (Chris Evans) – depois que todos os que sumiram no Blip de Thanos retornam. Mais do que um mundo desestabilizado, Falcão e o Soldado Invernal apresenta personagens quebrados e que precisam encontrar seu lugar nesse novo mundo.

    Falcão e o Soldado Invernal explora o contexto político e social do Universo Cinematográfico Marvel

    O grande acerto de Falcão e o Soldado Invernal é explorar o contexto político e social do Universo Cinematográfico Marvel, introduzindo e desenvolvendo personagens complexos e com motivações plausíveis dentro da narrativa da série.

    Na falta de um novo representante depois que Sam Wilson devolve o escudo de Steve Rogers para o museu em homenagem ao herói, o governo dos Estados Unidos escolhe John Walker como o substituto do Capitão América – um militar interpretado por Wyatt Russell. Ele é ideologicamente diferente do que Rogers era, com motivações mais extremas de justiça em nome do governo e precisa lidar com a responsabilidade de ser o novo representante da nação.

    Temos o surgimento dos Apátridas, liderados por Karli Morgenthau (Erin Kellyman), um grupo anarquista que acredita que o mundo estava melhor durante o Blip e, por isso, quer unificar as nações. Mais fundo que isso, o grupo representa as pessoas que foram oprimidas e deixadas de lado pelos governantes, que se rebelam e extremizam para lutar pelos seus ideais. Uma motivação plausível e repleta de nuances, que é mais atual, e necessária, do que nunca.

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    Isso mostra como Falcão e o Soldado Invernal não foge de temas relevantes para a sociedade, incrementando-os na narrativa de forma natural. A série ganha um toque ainda mais profundo ao tratar sobre racismo e segregação racial sofrida pelos negros, especialmente quando Sam Wilson conhece Isaiah Bradley (Carl Lumbly). 

    Bradley foi o primeiro Capitão América da Marvel, mas foi apagado da história por ser negro, depois de passar por diversos testes e experimentos com soro de super soldado para virar o super-herói. Isso mostra como a história dos negros é apagada pelo racismo estrutural e, especialmente, é um ponto de virada crucial para Sam Wilson entender a importância e responsabilidade dele como um homem negro que faz parte dos Vingadores.

    Ação de primeira em Falcão e o Soldado Invernal e avanço na Fase 4 da Marvel

    Falcão e o Soldado Invernal tem uma nítida inspiração em Capitão América 2 - O Soldado InvernalCapitão América: Guerra Civil para sua trama de "espionagem" e para a direção de cenas de ação com foco em combates corporáis comandadas pela diretora Kari Skogland, que são muito bem conduzidas. Com isso, o time de roteiristas liderados por Malcolm Spellman foi inteligente ao encontrar um fio condutor de toda a narrativa: o soro de super soldado.

    Esse elemento funcionou para mover a tramar e catalizar todos os acontecimentos e os personagens envolvidos. O vilão de Guerra Civil, Barão Zemo (Daniel Brühl), está de volta para ajudar Sam e Bucky a encontrarem quem está por trás da produção do soro que fez com que os Apátridas se tornassem super soldados, com John Walker na caça do grupo como Capitão América. Isso os leva para a cidade do crime da Marvel, conhecida como Madripoor, onde eles descobrem que um pessoa chamada Mercador do Poder é responsável, além de encontrarem Sharon Carter (Emily VanCamp), a ex-agente da SHIELD que está escondida na região e parece ter mudado bastante. 

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    Ou seja, todos os principais pontos da história e personagens são ligados por esse elemento, que também acaba como fundamental para a ligação com o futuro do Universo Cinematográfico Marvel na Fase 4: ao levar John Walker ao extremos e perder seu título como Capitão América, o que faz com que ele assuma o manto de Agente Americano com ajuda da misteriosa personagem Valentina Allegra de Fontaine, interpretada por Julia Louis-Dreyfus

    Sharon Carter mostrou sua importância na cena pós-créditos do último episódio, mas foi o grande salto negativo de Falcão e o Soldado Invernal ao ficar perdida em grande parte dos episódios em uma personagem ambígua, sendo que grande parte dos fãs imaginavam seu destino final.

    Sam Wilson é o novo Capitão América!

    Toda o arco de autoconhecimento dos protagonistas Sam e Bucky em Falcão e o Soldado Invernal se completa perfeitamente com a emancipação dos dois personagens ao final dos seis episódios: Bucky Barnes se entendendo melhor com seu passado traumático e conseguindo lidar com sua vida e suas relações de uma maneira mais natural; e, principalmente, Sam Wilson aceitando sua importância e responsabilidade ao se tornar o novo Capitão América no Universo Cinematográfico Marvel – o que ele havia renegado inicialmente ao sentir que o escudo pertencia ao Steve Roger e ele não poderia assumir.

    Eles nunca permitirão que um homem negro seja o Capitão América. E mesmo se o fizessem, nenhum homem negro que se preze iria querer ser

    A frase forte e verdadeira é dita por Isaiah Bradley ao Sam Wilson no quinto episódio. Sam encara isso como uma motivação para aceitar a responsabilidade e tentar proporcionar uma mudança efetiva no mundo da sua maneira, como um homem negro. Como o título final, que muda para "Capitão América e o Soldado Invernal", ele tem uma motivação nova, e Falcão e o Soldado Invernal acompanhou isso fazendo uma mudança significativa para a representatividade em uma grande franquia, especialmente por lidar com questões necessárias, como o racismo, de maneira honesta.

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    Falcão e o Soldado Invernal mostra bem que política e entretenimento não precisam andar separados, muito pelo contrário, prova que a cultura pop pode e deve utilizar suas narrativas para discutir temáticas importantes. A série da Marvel no Disney+ é um entretenimento de primeira, com cenas empolgantes de ação, acontecimentos relevantes para o Universo Cinematográfico Marvel e uma dinâmica única entre a dupla Anthony Mackie e Sebastian Stan. Tudo isso sem deixar de explorar tramas políticas e sociais de forma natural e necessária. Um grande acerto!

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