Um Príncipe em Nova York 2 já está disponível no Amazon Prime Video, e depois de 30 anos do lançamento do filme original, Eddie Murphy está de volta ao papel de Akeem - além dos muitos outros personagens que ele interpreta no filme -, mas desta vez em busca do seu filho que está perdido em Nova York. Além do retorno de vários atores, como Arsenio Hall, que interpreta o fiel escudeiro do príncipe, temos também participações especiais, como Morgan Freeman e Wesley Snipes. Porém, apesar de toda a nostalgia que esse lançamento nos traz, algumas críticas surgiram em relação a maneira como é tratada a cena em que o personagem de Murphy descobre a existência desse seu primeiro filho.
Um Príncipe em Nova York 2: Confira as mudanças do elenco antes e depoisConsiderado um dos momentos mais importantes dessa sequência, justamente por poder desenvolver ainda mais o príncipe Akeem, vemos que ele fica bastante chocado com a notícia e diz que não se lembra de ter passado tempo sozinho com outra mulher além de sua futura esposa Lisa (Shari Headley). Semmi ajuda a refrescar sua memória da noite em que conheceu a mãe de Lavelle, Mary (Leslie Jones), na qual Akeem tem a impressão de que ele estava chapado e alucinou que um javali tinha o atacado. Semmi, então, lembra que a situação não tinha sido bem assim.
Acontece que logo em seguida, o personagem de Murphy ataca o seu colega ao se lembrar vagamente do que aconteceu e ao conversar com sua esposa, Lisa, ele garante que todo o evento foi um mal-entendido e poderia ter acontecido com qualquer pessoa. Por fim, ele ainda brinca que seu amigo o apresentou a uma "mulher estranha que o drogou e fez sexo com ele". Apesar do tom cômico do filme, abordar um tema tão importante como a relação sexual sem consentimento deveria ter sido melhor explorado, mas o filme mostra que o príncipe não ficou preocupado com o ato, mas sim no filho que aquele momento tinha gerado. No final do longa, vemos Lisa acusar Akeem de ser irresponsável com Mary, o que vai justamente no sentido de culpar a vítima pelo acontecido, já que ele se lembra daquela noite de forma muito diferente do que Semmi eventualmente revela.
Eddie Murphy revela motivo chocante para ter parado de fazer filmesApesar da relevância do tema, algumas produções de Hollywood tem abordado de maneira equivocada o abuso sexual, minimizando a gravidade da situação, basta lembrar de uma das maiores séries de sucesso da Netflix, Bridgerton. A todo momento, a produção vai apresentando ao espectador o emaranhado de relações tóxicas que vão se desenvolver ao longo da série, e isso inclui, principalmente, o casal de protagonistas.
Simon Basset (Regé-Jean Page) insiste que não pode ter filhos, o que desde o começo significa um futuro desastre para o casamento. Isso faz com que Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor) busque maneiras de conseguir que ela engravide sem o consentimento dele. Em um dos momentos mais importantes da série, vemos os dois tendo relações sexuais, e ela não permite que o Duque ejacule fora dela. Ele se sente incomodado com a situação e começa uma pequena briga que acaba quando Daphne o acusa de mentir para ela. Assim, ela se apresenta como a vítima e da mesma forma que vimos em Um Príncipe em Nova York 2, a cena minimiza a violação.
Voltando ao filme, Mary se desculpa com Lisa por fazer sexo com Akeem, mas ela nunca se desculpa com ele por se aproveitar da situação, e também nunca se cria um confronto entre os dois para falarem sobre aquela noite. Outra coisa que chama a atenção é que Lisa nem chega a reconhecer que Akeem foi uma vítima. Em um filme de comédia, tão alegre sobre se conectar com uma criança que o pai nunca soube que tinha, abordar as questões em torno dessa concepção são tão sombrias e perturbadoras que nem chegam a ser tratadas.