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    David Lynch: De Twin Peaks a Duna, a influência surrealista do diretor no cinema

    Conhecido por Eraserhead, Veludo Azul e Twin Peaks, Lynch volta aos holofotes com a possibilidade de estar produzindo uma nova série para a Netflix.

    Na última semana, foi anunciado que o diretor David Lynch estaria produzindo Wisteria, uma nova série para a Neflix. A notícia pegou muitos de surpresa, pois seria o retorno de  de Lynch a mais uma grande produção, após ter dirigido a 3ª temporada de Twin Peaks, em 2017, e alguns curtas-metragens, em 2020.

    Se conhecemos bem o diretor, já podemos aguardar por seu estilo excêntrico, com roteiros fantasiosos e direção artística conceitual, características que consolidaram sua grande carreira e levaram um pouco do movimento surrealista para dentro de Hollywood, ajudando a criar o subgênero “lynchiano”.

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    ERASERHEAD E O INÍCIO DA CARREIRA DE LYNCH

    A carreira de David Lynch começou por volta da década de 1960, com a direção de curtas-metragens. Com destaque para A Avó (1970) e O Alfabeto (1969), suas produções já mostravam o estilo característico do diretor, apostando em cenários desconfortáveis e na subjetividade da mente humana. Apaixonado por curtas, tais produções viriam a acompanhar Lynch por toda a carreira.

    O primeiro longa-metragem foi o polêmico Eraserhead (1977). Com baixo orçamento e em preto e branco, Lynch apresentou, logo de início, uma produção que marcou a história do cinema, sendo aclamada pela crítica especializada e preservada pela National Film Registry, na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. A temática surrealista e as metáforas sexuais elevam o filme como uma das grandes obras da história do cinema, e a contraditória cena do nascimento do bebê-monstro é uma das imagens mais clássicas da filmografia do diretor.

    Sua produção subsequente, O Homem Elefante (1980), recebeu oito indicações ao Oscar, seguindo uma fórmula parecida com a de Eraserhead. O longa acabou não ganhando nenhum dos prêmios, fato que gerou alguns protestos por parte da crítica, que reclamava a respeito do filme merecer um Oscar pela brilhante maquiagem apresentada. Na edição seguinte da premiação, a Academia criou a categoria de Melhor Maquiagem, visando não cometer o mesmo erro.

    UMA FASE MAIS HOLLYWOODIANA, MAS SEM PERDER A CARACTERÍSTICA

    Os anos seguintes foram de grande sucesso para David Lynch. O diretor passou a apresentar produções com características mais comerciais, porém, sem perder sua essência. Veludo Azul (1986), Estrada Perdida (1997) e Cidade dos Sonhos (2001) ajudaram-no a escrever seu nome em Hollywood, contudo, o que de fato consolidou sua carreira, foi a série Twin Peaks, o maior sucesso de Lynch e um dos maiores sucessos da TV americana.

    O mistério da morte de Laura Palmer (Sheryl Lee) e a famosa música de abertura marcaram a década de 1990. Com status de um dos programas de TV mais assistidos da época, Twin Peaks contava com um enredo complexo e inovador, usando de toques surrealistas para misturar drama e suspense, resultando em uma das maiores referências quando o assunto é série policial, até hoje. Após duas temporadas, e mais de uma década depois, a série ganhou uma terceira parte em 2017.

    Durante essa fase, além dos sucessos, David Lynch também teve - dito pelo próprio diretor - um dos grandes arrependimentos de sua carreira; o filme Duna (1984), adaptação do livro homônimo, de Frank Herbert. De acordo com Lynch, o corte final não teve muito de sua mão, faltando controle criativo sobre a obra e causando seu maior revés artístico.

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    DAVID LYNCH E A ATUALIDADE

    Os últimos passos da carreira de David Lynch, até agora, foram os mesmos de seu início: curtas-metragens. Durante a pandemia do COVID-19, o diretor lançou uma série de curtas, mostrando que a paixão pelas pequenas produções continua a todo vapor.

    Desiludido com o caminho que a indústria cinematográfica tomou, afirmou que não pretende mais dirigir longas-metragens, pois, “os filmes que fazem sucesso nas bilheterias, hoje em dia, não são os que tem vontade de fazer” — reflexo de seu último longa, Império dos Sonhos (2006), que mesmo recebendo críticas positivas, teve uma arrecadação mundial de apenas 4 milhões de dólares. E esses números, para Hollywood, falam alto.

    Se Lynch está inclinado a abrir mão dos longas, uma coisa é certa: ficamos na torcida para que ele não abandone de vez o resto das produções, pois a ausência do diretor faz com que a indústria de entretenimento, além de seu talento, perca parte de seu charme.

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