O Olhar de Cinema 2020 está acontecendo a todo o vapor em sua primeira edição completamente online em 9 anos de festival. Com mais de 70 filmes na programação, as produções de diversas nacionalidades começaram a ser exibidas ao público nesta quinta-feira (08).
Dentre os destaques fora da programação da mostra competitiva, estão os longas Sertânia, do diretor Geraldo Sarno, e Fakir, documentário de Helena Ignez.
Sertânia, que já havia sido exibido (também online) durante o Festival Ecrã, em agosto, é um dos filmes brasileiros mais comentados de 2020. Bem recepcionado pela crítica especializada, o longa do veterano cineasta propõe uma viagem dentro de nossa própria história; especificamente, imerso no sertão e no cangaço brasileiro.
Ao mesclar delírios do protagonista Antão (Vertin Moura), a metalinguagem ao mostrar filmagens do filme dentro dele mesmo e, também, utilizando a linguagem de crônica, Sertânia entrega uma experiência cinematográfica intensa (sendo até uma pena conferi-la em uma tela pequena), banhada nas fontes estéticas do cinema de Glauber Rocha e do Cinema Novo no geral.
Sertânia ainda conta com uma bela fotografia em preto e branco, aqui não utilizada como mero instrumento estético, mas como instrumento da própria narrativa.
Já Fakir, da também veterana Helena Ignez, é um documentário cuja proposta é a de explicar todo o contexto do faquirismo no Brasil, em toda a América Latina e na França. Originado do circo, este espetáculo consiste no domínio do corpo, resistência a dor, controle respiratório, redução de batimentos cardíacos, entre outras técnicas.
A narração de Ignez e o vasto material de arquivo utilizado constroem uma narrativa interessante, mas que aos poucos vai se enfraquecendo diante do ritmo praticamente inalterado nos dois primeiros atos. No terceiro, porém, a diretora adentra em temáticas além do faquirismo, encontrando uma personagem cmo ponto central e discutindo feminismo e comportamentos conservadores.
Outro documentário de destaque neste 1º dia de Olhar de Cinema foi Nardjes A., de Karim Aïnouz (A Vida Invisível). O projeto nasceu a partir da vontade humanística de Karim em se encontrar - ou reencontrar a esperança em algum lugar fora de casa.
A jovem Nardjes é a personagem em destaque aqui, cuja voz guia o espectador para as manifestações políticas (e pacíficas) na Argélia contra o presidente Bouteflika, que esteve no poder desde 1999 e renunciou diante das ações da população. Leia a crítica completa do AdoroCinema, escrita durante o Festival de Berlim 2020.
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