Nesta terça-feira (8), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou os novos requisitos para a indicação na categoria “Melhor Filme”. A iniciativa tem o objetivo de promover a diversidade e inclusão em filmes, para que sejam elegíveis ao prêmio e tragam representatividade para grupos minoritários.
As novas diretrizes entram em prática nos anos de 2022 e 2023, nas 94ª e 95ª cerimônias, respectivamente. Neste período, o responsável pelo filme deve enviar um formulário confidencial de Padrões de Inclusão da Academia para concorrer a indicação de “Melhor Filme”. No entanto, a partir de 2024, as medidas tornam-se obrigatórias e os filme inscritos na categoria precisam atender aos limites mínimos de inclusão ao atender a dois dos quatro padrões exigidos.
A regra vale apenas para “Melhor Filme”, por isso, as outras categorias da Academia manterão seus requisitos de elegibilidade atuais. As demais indicações como longa-metragem de animação, documental e internacional, que se submetem à consideração da melhor fotografia, serão abordadas separadamente.
Há alguns anos, a Academia tem nomeado filmes que sejam diversos em seu elenco, diretores e produtores técnicos. Em 2016, depois de não ter indicado pessoas não-brancas entre seus 20 indicados, Cheryl Boone Isaacs, que era presidente da Academia na época, tomou medidas históricas ao se comprometer a dobrar o número de mulheres e grupos minoritários até 2020.
Confira os novos requisitos para a categoria “Melhor Filme”:
Padrão A: Representatividade de temas e narrativas na tela (1 de 3 critérios obrigatórios)
A.1 - Os atores principais ou coadjuvantes em destaque devem pertencer a grupos raciais e étnicos pouco representados (asiáticos, latino/hispânico, indígena, negro, nativo havaiano, norte-africano).
A.2 - Cerca de 30% de todos os atores em papéis secundários ou menores, devem pertencer pelo menos a duas categorias com pouca representação (mulheres, grupo étnico ou racial, LGBTQ+, pessoas com deficiências físicas, cognitivas ou auditivas).
A.3 - O enredo, tema ou narrativa principal deve ser centrado em um dos grupos pouco representados citados no padrão A.2.
Padrão B: Liderança criativa e equipe de projeto (1 de 3 critérios obrigatórios)
B.1 - No mínimo, dois dos seguintes cargos de liderança criativa e chefes de departamento devem pertencer a grupos com pouca representatividade (mulheres, grupo racial ou étnico, LGBTQ+, pessoas com deficiências físicas, cognitivas ou auditivas). Além disso, ao menos uma das posições devem ser destinadas aos grupos de pessoas asiáticas, latino/hispânico, negro, norte-africano, indígena, nativo havaiano, e outros.
B.2 - Pelo menos seis integrantes das equipes devem fazer parte de um grupo racial ou étnico sub-representado.
B.3 - O número aproximado a 30% da equipe do filme deverão ser mulheres, grupo racial ou étnico, LGBTQ+ e pessoas com deficiências físicas ou cognitivas.
Padrão C - Acesso e oportunidades na indústria (o filme deve atender a ambos os padrões estabelecidos).
C1. A empresa de distribuição ou financiamento do filme devem contratar, como estagiários ou aprendizes, as pessoas com pouca representatividade e oportunidade na indústria (mulheres, grupos étnicos ou raciais, LGBTQ+, pessoas com deficiências cognitivas ou físicas). Além disso, os principais estúdios e distribuidores são obrigados a fornecer atividades de aprendizagem remunerada a esses grupos pouco ou nada privilegiados. Entre os departamentos que devem cumprir o requisito estão: produção, desenvolvimento, pós-produção, música, efeitos visuais, marketing e publicidade.
C.2 - A empresa de produção, distribuição e/ou financiamento do filme deve oferecer oportunidades de treinamento ou trabalho para o desenvolvimento de habilidades para mulheres, grupo racial ou étnico, LGBTQ+ e pessoas com deficiência físicas, auditivas ou cognitivas.
Padrão D: Desenvolvimento de público
D.1 - O estúdio de cinema deve ter vários executivos seniores internos dentre os seguintes grupos sub-representados de todos os tópicos anteriores nas equipes de marketing, publicidade e distribuição.
O presidente da Academia, David Rubin, e o executivo Dawn Hudson, disseram em uma declaração conjunta: “A abertura deve se alargar para refletir nossa população global diversificada tanto na criação de filmes quanto nas audiências que se conectam com eles. A Academia está empenhada em desempenhar um papel vital em ajudar a tornar isso uma realidade.”
Devido à pandemia da Covid-19, o Oscar estendeu o ano de elegibilidade de 2020 até 28 de fevereiro de 2021. A cerimônia do 93º Oscar está prevista para ocorrer no domingo, 25 de abril.