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    Mads Mikkelsen fala sobre projetos recentes, pandemia e carreira

    Ator, que estará no próximo filme da franquia Animais Fantásticos e Onde Habitam, participou de entrevista durante o Festival de Roterdã.

    O ator Mads Mikkelsen foi uma das grandes atrações do Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR), que terminou sua primeira parte no domingo (07/02). Diretamente de Londres, onde está filmando Animais Fantásticos e Onde Habitam 3, em que faz o papel do vilão Gellert Grindelwald, Mikkelsen participou de uma conversa, onde falou sobre sua carreira mista de filmes europeus e hollywoodianos, pandemia e seus novos trabalhos, como o filme de abertura de Roterdã, Riders of Justice.

    O ator dinamarquês é um dos grandes astros do cinema mundial atual, ultrapassando as fronteiras do país escandinavo e fazendo parte do elenco de filmes das principais franquias de Hollywood, como 007: Cassino RoyaleDoutor Estranho e Star Wars: Rogue One. Não à toa recebeu diversas premiações por sua performance em A Caça, enquanto vem ganhando novamente notoriedade por seu trabalho recente em Druk - Mais Uma Rodada, mais uma colaboração com o cineasta conterrâneo Thomas Vinterberg.

    Pelo tempo em que trabalha com filmes internacionais, a língua já não é uma barreira para Mads Mikkelsen. Para ele, o segredo para qualquer boa atuação é a “identificação" do ator com o personagem. Porém, ele diz, há uma diferença nos processos de interpretação quando na língua materna e quando em uma estrangeira. “Há um pouco mais de preparação extra em inglês do que seria em dinamarquês, é claro, mas a grande chave para tudo isso é achar a sua identidade em uma língua. É interessante, mesmo que você se dê bem com uma língua individualmente e você nem pensa muito sobre, há um personagem ali que não é você. E depois de algum jeito você tem que ultrapassar isso para interpretar um personagem real, que está logo atrás do idioma. Há diferentes abordagens para diferentes filmes, e eu ainda estou achando o meu jeito de lidar com esse universo”, completou o ator na entrevista.

    Curiosamente, Mikkelsen demorou para começar a atuar, tendo entrado nessa área por uma série de “coincidências”, através da dança: "Eu fui chamado para compor a figuração de um musical e fazer acrobacias. Uma coreografa achou que eu tinha talento e me perguntou se eu não queria me juntar ao grupo. Basicamente, eu não tinha nada melhor para fazer e disse sim. Fui um dançarino por quase 10 anos, mas estive sempre mais apaixonado pela parte dramática e nem tanto pela estética da dança", contou. Assim, o ator interpretou seu primeiro papel em um longa-metragem já aos 30 anos de idade, no filme Pusher (1996), de Nicolas Winding Refn.

    Riders of Justice havia sido seu último trabalho antes da pandemia e o ator só voltou aos trabalhos num set de filmagem agora com a nova produção da franquia Animais Fantásticos. Ele comentou como está sendo filmar em tempos de fortes protocolos de segurança para a prevenção do coronavírus: "Todos os dias nós estamos sendo testados e usamos máscara em todos os lugares. Isso é muito custoso, é claro, e filmes de baixo orçamento não conseguem fazer isso. Com sorte vamos terminar em alguns meses. Quando você começa a trabalhar, não é tão diferente. Nós tiramos a máscara e sabemos que todos estamos negativos. Qando a cena acaba, nós colocamos a máscara de novo.” Ainda assim, nem todos esses cuidados parecem prevenir novos adiamentos de filmagens, como ocorreu novamente com a produção do novo spin-off de Harry Potter na última semana.

    A Covid-19 também foi um assunto que rondou outro projeto recente do astro. Druk, exibido em festivais de cinema durante 2020, segue um grupo de professores de Ensino Médio que decide testar, durante o trabalho, uma teoria de que um certo nível de álcool no sangue melhora o comportamento e a mente das pessoas. Antes do lançamento, Mikkelsen e os envolvidos estavam um pouco preocupados que o filme pudesse receber uma resposta negativa por mostrar professores bebendo em um ambiente escolar cheio de menores de idade. Porém, no decorrer do ano, com a pandemia se intensificando pelo mundo, outra preocupação surgiu: "Quando nós assistimos ao filme, nós nos olhamos e pensamos 'é permitido fazer isso?' Porque era cheio de gente se beijando e abraçando, bebendo do mesmo copo. Era cheio da vida que nós nos lembrávamos meio ano atrás. Mas chegou à um ponto em que nós estávamos tão acostumados a não fazer nada, quase nem olhar nos olhos uns dos outros. Achamos que poderia haver uma repercussão ruim sobre isso também. Mas o oposto aconteceu. As pessoas o viram pelo que ele é, um filme que celebra a vida, e eu acho que elas estavam necessitando disso durante o lockdown. A última coisa que elas queriam ver era um filme sobre a Covid-19. Elas queriam ver um filme sobre a vida".

    Druk se mantém como um forte candidato nas categorias de melhor filme em língua estrangeira do Globo de Ouro e do Oscar, com estreia prevista no Brasil para 25 de março. Riders of Justice continua sua carreira internacional passando por festivais e ainda não tem data de estreia nacional prevista.

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