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    Crítica: Um Crime para Dois

    Comédia da Netflix se apoia no talento e carisma da dupla formada por Issa Rae e Kumail Nanjiani.

    NOTA: 2,5 / 5,0

    Em filmes do gênero comédia que se passam ao longo de apenas um dia, como é o caso de A Noite do Jogo ou Uma Noite Fora de Série, a verdadeira graça recai nas personagens principais que precisam lidar com a urgência de determinadas situações. E é essa mesma urgência que torna a experiência que estes filmes proporcionam mais divertida, pois não se apoiam tanto a uma história detalhada ou complexa demais.

    Este é o caso de Um Crime para Dois, que tem como principal brilho o casal interpretado por Issa Rae e Kumail Nanjiani. Mas a questão é que, fora a bela sintonia que os atores possuem em tela e algumas piadas bem inseridas, a comédia de Michael Showalter (de Doentes de Amor) não se garante tanto no roteiro, que nunca se sujeita a sair do conforto que os protagonistas trazem para alcançar uma narrativa menos previsível.

    Por apoiar-se praticamente o tempo todo nos talentos de Rae e Nanjiani, Um Crime para Dois não é capaz de se destacar tanto pela história em si, mas sim pela vivacidade que seu elenco transborda. Ambos realmente entregam atuações hilárias, pautadas pela rapidez das falas e de tiradas muito sagazes enquanto um casal prestes a se separar. Anna Camp e Paul Sparks, em participações pontuais, também fazem jus à personagens que usam e abusam de caras, bocas e bordões.

    PROTAGONISTAS QUE EMANAM CARISMA, PORÉM POUCO CONTEÚDO

    Mas há pouco pano de fundo na narrativa de Leilani e Jibran. O pulo temporal de quatro anos que parte do primeiro beijo do casal impossibilita uma aproximação para com os problemas enfrentados nos dias atuais (a ausência e falta de comunicação, por exemplo). O carisma é o que mantém tudo de pé, mas não há tanto conteúdo para sustentar a história enquanto filme de ação.

    O que parece é que Um Crime para Dois é uma conjunção de diversas esquetes que fazem de tudo para combinarem entre si, mas que em sua conclusão entregam mais humor do que uma história completa. Salvo algumas situações que são diferenciadas (como a sequência em que o casal entra numa festa secreta que remete aos Illuminatti), a maioria dos eventos que ocorrem ao longo do filme não surpreendem tanto.

    A intenção é a de entreter, não necessariamente reinventar a comédia. Mas com um ótimo e diversificado elenco, era de se esperar mais do que um enredo tão escorado em imprevisibilidades que não convencem mais o mesmo público que consumiu os filmes citados no início deste texto. Um Crime para Dois consegue acertar em cheio na comédia, porém não entrega mais ingredientes que certamente fariam muito mais jus aos personagens de Rae e Nanjiani. A química que os atores apresentam não se equilibra com a quantidade de acontecimentos previsíveis que os encontrarão em uma inesperada noite de reaproximação.

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