O filme Contágio, dirigido por Steven Soderbergh, está voltando a figurar entre os assuntos mais comentados no universo cinematográfico, mesmo tendo sido lançado há quase uma década. O motivo? O longa compartilha inúmeras semelhanças com a atual pandemia do coronavírus.
Escrita por Scott Z. Burns, a história acompanha uma personagem que contrai um vírus mortal ao viajar para Hong Kong. Após voltar para seu país, a mulher morre, e seu marido é colocado em quarentena. Porém, não demora para que a epidemia comece a se espalhar, matando as pessoas em poucos dias. O pânico prevalece, e os cientistas lutam para encontrar uma cura antes que seja tarde demais.
Na época, a produção chegou a contratar uma médica de verdade, para interpretar ela mesma. É possível ver a especialista sendo entrevistada por um programa de televisão em uma das cenas. E surpreendentemente, a mesma profissional (Sanjay Gupta) foi convidada pela CNN para falar sobre métodos de prevenção.
Tantas coincidências culminaram em um pico de interesse pelo filme, inclusive no Brasil. Veja abaixo:
Além disso, o longa figura entre os mais vendidos no iTunes de países como Estados Unidos, na frente de lançamentos como Frozen 2, Era Uma Vez em Hollywood e Entre Facas e Segredos.
Pensando nisso, a revista Variety entrevistou o roteirista Scott Burns, para entender mais sobre o processo de criação de Contágio, e como o escritor conseguiu criar uma obra tão realista. Veja a seguir:
Contágio: Como o filme foi feito
Antes de começar a escrever a trama, Scott conversava muito com seus pais sobre a gripe aviária, e como um vírus conseguia prejudicar a humanidade. E na mesma época, Steven Soderbergh (diretor de Contágio) entrou em contato com o roteirista para saber a história do próximo filme em que trabalhariam juntos.
Foi aí que Scott contou à Steven sobre seus interesses recentes, e eles decidiram aproveitar o momento, e realizar um longa sobre pandemias, baseado completamente em estudos científicos.
Por que ele é tão parecido com a realidade?
Para escrever o roteiro, Scott passou de dois a três anos estudando a ciência por trás das pandemias. No mesmo período, ele passava muito tempo falando com epidemiologistas, incluindo Larry Brilliant, um dos responsáveis por erradicar a varíola.
Larry colocou Scott em contato com outros cientistas da Columbia University, onde ele aprendeu muito mais sobre como os vírus agem no organismo. “A única coisa que os médicos me pediam era que o filme fosse o mais real possível”, revelou.
O roteirista chegou a ir ao CDC (Centers for Disease Control) - Centro de Controle e Prevenção de Doenças em português, que fica em Atlanta. Lá, ele aprendeu sobre como um órgão de saúde pública realmente funciona em momentos catastróficos.
Por esses motivos, Contágio, lançado em 2011, está “prevendo” a crise atual. A produção envolveu especialistas da área, que atualmente, também estão se esforçando para conter o coronavírus. Caso novas pandemias surjam futuramente, é possível que a obra volte a se tornar atual.
Este é o resultado de um roteiro bem escrito. Ao levar em consideração não somente a tragédia, como também as possíveis formas de combate e a resposta emocional da humanidade, o filme tornou-se um retrato fiel da sociedade em tempos como este.
“A ciência é maravilhosa, mas também é uma forma de disseminar responsabilidade. E é essa a mensagem que eu queria passar com a produção. Se todos lavarem as mãos, manterem distância uns dos outros, e protegerem o próximo, garantiremos a vida de muitos”, afirma Scott.
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