Revelação desta temporada de premiações, George MacKay é um daqueles rostos que você tem certeza que já viu mas talvez não saiba de onde. Protagonista do épico 1917, o jovem inglês trabalha desde os 10 anos de idade, tendo sua estreia nos cinemas na adaptação de 2003 de Peter Pan, e desde então já acumulou 40 créditos, tanto nas telonas, quanto na televisão.
Nascido em Londres no dia 13 de março de 1992, George Andrew J. MacKay cresceu com pais que trabalhavam na indústria, mas ele ganhou seu primeiro papel por acaso, quando um olheiro o chamou para fazer audição para ser um dos meninos perdidos em Peter Pan. Durante três anos, ele teve participações em série de televisão inglesas, até voltar para os cinemas em O Senhor dos Ladrões - atuando ao lado de Aaron Taylor-Johnson.
Em 2008 ele se envolveu em sua primeira grande produção Hollywoodiana, Um Ato de Liberdade, no qual interpretou o mais jovem irmão Bielski, membro do grupo de poloneses judeus que salvaram e recrutaram outros judeus na Bielorrússia durante a II Guerra Mundial. Ao lado de Daniel Craig, Liev Schreiber e Jamie Bell, esta foi a primeira produção de guerra que MacKay participou (tem várias outras ainda por vir). Com apenas 16 anos, ele também participou de Os Garotos Estão de Volta, um drama estrelado por Clive Owen, que viveu seu pai viúvo.
Alguns anos depois, agora com 19 anos, MacKay teve um ano repleto de projetos envolvendo a Primeira e Segunda Guerra Mundial. A minissérie Birdsong, o telefilme The Best of Men e o longa Private Peaceful, que foi seu primeiro trabalho como protagonista. Neste, ele e Jack O’Connell (Invencível) são irmãos apaixonados pela mesma mulher, que vão para a guerra defender seu país. Mas foi só em 2013 que sua carreira realmente começou a deslanchar.
Atuando em cinco filmes, um deles um curta-metragem, o londrino começou a chamar a atenção dos críticos. O primeiro foi For Those In Peril, um drama no qual ele é o único sobrevivente de um estranho acidente em alto mar que matou cinco pessoas, incluindo seu irmão mais velho. Perdido em seu luto, ele está convencido de que seu irmão ainda está vivo, aos poucos perdendo a noção da realidade. Seguindo este pesado drama vem Sunshine on Leith, um musical (sim, além de ser um ótimo ator, ele também canta) daqueles de esquentar o coração, acompanhando dois amigos que voltam para casa da guerra (um tema recorrente na carreira dele) e se apaixonam. Com diversas clássicas músicas, o filme é emocionante, divertido e talvez até arranque umas lágrimas (eu, por exemplo, chorei).
Em Minha Nova Vida, MacKay interpreta o interesse romântico de Saoirse Ronan (e estou amando ver os dois na mesma temporada de premiações), uma jovem que é mandada para a Inglaterra durante uma guerra nuclear, para ficar com sua família distante. Bem naquele estilo de romance adolescente pós-apocalíptico que explodiu no início da década de 2010, o filme não tem toda aquela pompa e circunstância, mas as performances são maravilhosas, e ainda conta com um dos primeiros trabalhos de Tom Holland. O último lançamento do ator de 2013 foi Breakfast with Jonny Wilkinson, uma comédia sobre rugby que, mesmo sendo extremamente inglesa, continua sendo uma delícia de assistir.
Foi por estes quatro projetos que MacKay foi premiado como prêmio de Estrela em Ascensão no Festival Internacional de Berlim em 2014, além de ter sido indicado ao BAFTA na mesma categoria, e ao London Critics Circle Film Awards na categoria Jovem Ator Britânico do Ano. Este foi o ponto de virada de sua carreira, mas até então ele ainda não tinha quebrado a grande barreira de Hollywood.
Em 2014, ele estrelou em Orgulho e Esperança, um filme sobre ativistas homossexuais lutando por seus direitos na década de 1980. MacKay interpreta Joe, um jovem com medo de se assumir gay para sua família. O longa foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Comédia ou Musical, ganhou prêmios no BAFTA, Cannes, GLAAD Awards e British Independent Film Awards. Para o grande público, e de onde a maioria reconhece seu rosto, MacKay foi apresentado em Capitão Fantástico, drama liderado por Viggo Mortensen. O filme, que foi um dos mais sensíveis e emocionantes de 2016, conquistou o público por sua simples, triste e diferente história. Cheio de crianças fofas, MacKay ainda consegue roubar a cena como Bodevan, o filho mais velho do personagem de Mortensen.
Nos últimos três anos, o jovem ator não parou de trabalhar, gravando nove filmes (alguns que não chegaram no Brasil ainda), e trabalhando com alguns dos maiores nomes da indústria. Em Marrowbone, ele contracenou com os aclamados jovens Anya Taylor-Joy e Mia Goth; em To Provide All People, MacKay divide tela com os ícones Michael Sheen, Jonathan Pryce e Martin Freeman; e na adaptação de Hamlet, Ophelia, com Naomi Watts, Daisy Ridley, Clive Owen e Tom Felton.
Em 2018, ele participou do musical original da Netflix No Ritmo da Sedução, estrelado por Michaela Coel (Chewing-Gum). O romance não explodiu mundo afora e ele nem tem um papel principal, mas ele canta duas músicas no filme, então vale mencionar - clica aí para ouvir:
E, finalmente, chegamos em 2019 e 2020. Ou melhor dizendo, 1917. MacKay passou um ano na pré-produção e filmagens do épico, ensaiando já que todos os passos tem que ser coreografados para encaixar com o roteiro e com o cenário. Como o filme é gravado para parecer uma grande tomada, ele passa quase o tempo todo em tela, e apesar de não ser realmente gravado todo em sequência, o filme conta com cenas de mais de 9 minutos. Sem muito diálogo, a emoção vêm toda da direção e da atuação - e esse foi um dos grandes erros da Academia, George merecia ser indicado como Melhor Ator. Pelo menos o Online Film & Television Association não dormiu e o premiou, além de ser um selecionados para receber o Virtuoso Award, no Santa Barbara International Film Festival.
A caminho de se tornar um queridinho de Hollywood, ele já é um no meu coração - e merece ser do seu também. Ele vai apresentar uma das categorias na premiação do Oscar, e com dois projetos para ser lançados: A Verdadeira História da Gangua de Ned Kelly e A Guide to Second Date Sex. O primeiro foi lançado no Festival de Toronto 2019 e George já recebeu diversos elogios por sua performance. Eu, pessoalmente, mal posso esperar por tudo que esse menino for fazer no futuro.