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    Adoráveis Mulheres: Conheça todas as adaptações cinematográficas do romance

    Filme de Greta Gerwig é o mais novo da lista de versões do clássico de Louisa May Alcott

    Publicado em 1868 e 1869 como uma série de dois volumes, o livro Adoráveis Mulheres, de Louisa May Alcott, continua mobilizando o público, mesmo 151 anos após seu lançamento. O resultado disso é uma enxurrada de adaptações, tanto para o cinema e televisão, quanto para musicais e teatro. O mais novo produto desta safra é o longa homônimo dirigido por Greta Gerwig, uma das produções mais celebradas do ano passado e um forte concorrente na atual temporada de premiações.

    A clássica história se passa no período da Guerra Civil Americana (1861-1865) e acompanha a transição da infância para a vida adulta das quatro irmãs da família March: Jo, Amy, Meg e Beth. Há quem diga que o livro é levemente baseado na experiência da autora com suas três irmãs, mas o fato é que, por sua característica universal, a obra rende novas releituras, sempre com um recorte singular que revela algo novo sobre essa família.

    Para entender melhor a linha do tempo de Adoráveis Mulheres no mercado audiovisual, confira a lista abaixo sobre o que já foi lançado até agora sobre as icônicas personagens que há mais de um século encantam o mundo.

    As Quatro Irmãs (1933) 

    Antes deste, dois filmes foram produzidos na era silenciosa, mas As Quatro Irmãs é um marco como primeira adaptação de Little Women (no original) com som. O longa de George Cukor é conhecido até hoje por seu aspecto mais sombrio, possivelmente por ter sido lançado em 1933, no auge da Grande Depressão. Por isso, a obra acabou refletindo mais intensamente algumas questões sociais da época em que foi realizado. Prova disso é o fato de Mãezinha March (Spring Byington) e suas ações de caridade receberem tanto destaque na trama — uma característica que no longa de 2019, por exemplo, não é tão acentuada. Mesmo com o lado dramático, As Quatro Irmãs tem uma abordagem mais otimista sobre a infância, se comparado a outras adaptações.

    A produção de Cukor também ficou marcada pela atuação de Katharine Hepburn, que entrega o que muitos ainda consideram a melhor interpretação de Jo March, com sua personalidade indomável, sensível e inteligente. A atuação do restante do elenco, apesar de não ser tão marcante quanto Hepburn, acabou se tornando um modelo para as interpretações que viriam em seguida. Apesar das qualidades, há algumas ausências notáveis em relação ao material original, daquelas que não podem faltar, como o momento em que Amy queima o manuscrito de Jo e a queda de Amy no gelo, enquanto o romance de Amy e Laurie é apenas mencionado, nunca mostrado pela câmera.

    Quatro Destinos (1949) 

    Dirigida por Mervyn LeRoy, a versão de 1949 de Little Women é uma das mais bonitas visualmente, especialmente por ter sido filmada em Technicolor — uma técnica de coloração cinematográfica usada entre 1922 e 1952. Em termos de enredo, no entanto, é possivelmente a mais rígida das adaptações, principalmente na semelhança com seu antecessor. Há quem diga, inclusive, que Quatro Destinos é uma cópia fiel de As Quatro Irmãs, se contentando em apenas reproduzir fielmente os quadros e diálogos do filme de 1933. O ponto alto é Elizabeth Taylor, que em sua interpretação da mimada Amy March arranca ótimas gargalhadas com suas reações exageradas. Uma diferenciação desta obra são cenas adicionais que, apesar de esteticamente agradáveis, não acrescentam fortemente à narrativa, servindo apenas como vitrine para figurinos deslumbrantes e cenários pintados.

    Em relação ao original, algumas decisões são questionáveis. Beth é muitos anos mais nova do que as outras três irmãs; Jo e Laurie não são exatamente próximos; e, em uma das poucas diferenciações em relação à de 1933, esta adaptação evita a problemática social e as ações de caridade. Quatro Destinos, assim como As Quatro Irmãs, não mostra o manuscrito queimado e a queda de Amy no gelo.

    Adoráveis Mulheres (1994) 

    O longa de Gillian Armstrong é, provavelmente, a adaptação mais lembrada no imaginário coletivo, tanto pelo fato de ser relativamente recente quanto por sua qualidade fílmica — sendo, inclusive, indicado a três Oscars. O tom abolicionista e feminista de Alcott recebem mais atenção, principalmente pela representação da Mãezinha de Susan Sarandon, considerada a versão mais complexa da matriarca vista no cinema até os dias de hoje — no filme de 2019, a personagem de Laura Dern não recebe tanto destaque na trama, servindo mais como o elo entre as irmãs do que dona de um arco próprio.

    Conhecido pelo elenco estelar e uma química de dar inveja, Adoráveis Mulheres tem Winona Ryder como Jo, Christian Bale como Laurie (para alguns, o melhor Laurie de todas as adaptações), Kirsten Dunst como a versão jovem de Amy March, Claire Danes como Beth e Gabriel Byrne como Friedrich Bhaer. A versão de 94 é a mais fiel ao livro, seguindo à risca cenas clássicas como Jo e Laurie se conhecendo no baile, a queda de Amy no gelo e o manuscrito queimado — abordados pela primeira vez em uma adaptação de cinema, até então —, além de finalmente desenvolver em tela o romance de Amy e Laurie. Até 2019, o longa de 1994 e 1933 disputavam o primeiro lugar da lista como melhor adaptação do romance, mas parece que Gerwig chegou com tudo para acabar com a briga e tomar com o posto para si. 

    Little Women (2018) 

    A releitura mais distante da obra original. No filme de Clare Niederpruem, a trama sai da era da Guerra Civil para se passar nos tempos modernos, evidenciando novamente a temática universal da história de Alcott. Aqui, Jo é uma estudante universitária, Meg fica bêbada no baile de formatura, Beth é diagnosticada com câncer e Amy trabalha duro para se tornar uma artista de sucesso. Com exceção da época em que se passa, o longa de 2018 consegue ser fiel à essência de Alcott, mantendo, inclusive, pontos clássicos do original, como a peça de teatro, a festa de Ano Novo, o manuscrito queimado, o acidente de Amy (que se transforma em uma queda de cavalo), a doença de Beth e a jornada de Jo em Nova Iorque. O filme foi lançado no aniversário de 150 anos do lançamento do livro.

    Adoráveis Mulheres (2019) 

    E finalmente chegamos à adaptação mais recente, comandada por Greta Gerwig. A produção chegou não só com a missão de superar o adorado longa de 1994, como também de atender às expectativas do hype criado depois de Lady Bird: A Hora de Voar, segundo filme de Gerwig que foi indicado ao Oscar 2018. Ao que parece, a diretora acertou novamente e seu Adoráveis Mulheres chegou com tudo na temporada de premiação 2020, principalmente nas categorias de atuação, direção e técnicas, como fotografia e figurino. Os pontos mais marcantes desta nova adaptação, importantes inclusive para justificar sua realização, partem da decisão de Gerwig em brincar com a estrutura narrativa, seguindo duas linhas temporais caminhando para uma intersecção.  

    Em uma delas, a cineasta explora a ludicidade calorosa da infância, com as irmãs encenando peças, brincando com os vizinhos e sendo livres. Em outros momentos, Gerwig aborda o lado sombrio da vida adulta, aqui permeado por sonhos frustrados e dificuldades financeiras. O elenco de peso aliado a um roteiro impecavelmente escrito, principalmente no que diz respeito aos diálogos, também chamam atenção. Até mesmo os personagens secundários, como a Tia March (Meryl Streep), se tornam memoráveis, tamanha é a sensibilidade de Gerwig para retratar suas vidas. Por conta desse cuidado em dar tempo de tela para as personagens, torna-se mais fácil a identificação com Amy, por exemplo, que na interpretação fantástica de Florence Pugh se transforma em uma mulher sensível, engraçada e determinada.

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