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    Anthony Daniels pensou em abandonar o papel de C-3PO em Star Wars [Entrevista]

    Ao AdoroCinema, o ator britânico relembrou seus 43 anos como o "fio de ouro" da maior franquia da cultura pop.

    Divulgação

    “Como eu me sinto por ser o ‘fio dourado’ que conduz esta saga? Apenas orgulhoso. Eu tenho muita, muita sorte”, decreta Anthony Daniels, meros 30 segundos após adentrar a sala apinhada de repórteres em um hotel de Los Angeles. Aos 73 anos, o ator britânico comemora o fato de ser o único nome a figurar nos nove filmes principais de Star Wars, sempre vestindo a pele metálica do droide de protocolo C-3PO.

    No caso, essa presença constante na franquia carrega a peculiaridade de seu verdadeiro rosto jamais ter sido mostrado -- o que, no caso, significa que o público não viu a aparência de Daniels mudar, como ocorreu com outros astros veteranos que reprisaram seus papéis na trilogia mais recente. “Como vocês provavelmente sabem, eu não queria esse papel no começo. E agora, 43 anos depois, cá estou eu”, ele diz. “E o mais mágico é que o 3PO jamais envelhece. Mas este rosto aqui [aponta para si mesmo], sim.”

    Da mesma forma que o personagem dourado a quem deu vida por quatro décadas, Anthony Daniels consegue sem esforço ser o centro das atenções por onde passa. Com movimentos elegantes e um calculado ar de enfado, ele responde a qualquer questionamento com um longo monólogo explicativo, recheados de detalhes, parênteses e sotaque sofisticado. Sobre o Episódio IX: A Ascensão Skywalker, o qual seria lançado cerca de quatro meses após aquela manhã de fim de agosto, ele incrivelmente consegue se manter em silêncio. “Todos nós temos segredos maravilhosos que queremos contar a vocês, mas que preferimos que sejam surpresas”, ele diz diante da mesa de jornalistas da qual o AdoroCinema fez parte.

    Porém, Daniels se permite revelar o clima de ansiedade que envolvia a produção do filme derradeiro da saga. Inevitavelmente, a repercussão negativa de uma parcela de fãs ao filme anterior, Os Últimos Jedi, não lhe passou batida. “Vi muitos vídeos no YouTube, de pessoas sendo muito críticas, muito cruéis, nem sempre de uma maneira sensata. Entendo que algumas pessoas ficaram chateadas, achando que seus investimentos de sentimento em Os Últimos Jedi não valeram a pena”, ele conta. “Fui para o set do Episódio IX preocupado de que todos estivessem deprimidos com isso. Mas foi exatamente o oposto: que sentimento de alegria no ar! E aquele foi apenas o primeiro dia de filmagens.”

    Lucasfilm / Disney

    Como literal testemunha ocular da existência de Star Wars, Anthony Daniels tem uma teoria sobre o porquê de o perfil do típico fã da franquia ter se modificado com o passar das décadas. “É interessante lembrar que quando o Episódio IV saiu [em 1977], o vídeocassete ainda não estava disponível comercialmente, então a única maneira de ver o filme era no cinema. Você tinha de fazer um esforço para assistir. Se você queria ver novamente, tinha de pagar ingresso”, explica.

    “Agora com o advento dos atuais meios de comunicação, você pode pausar, avançar rapidamente, analisar detalhes. Isso deu aos fãs uma propriedade muito maior, é um público muito mais informado do que antes. Hoje existe uma opinião muito mais crítica e qualquer um pode ter uma voz na internet, mesmo que não seja qualificado para isso -- e como fãs, eles sempre serão qualificados. Eles têm seus direitos, suas opiniões. Eu espero que todos encontrem algo de que gostem. É ótimo que [a franquia] tenha se tornado não apenas a nossa família, mas também a família dos fãs."

    Lucasfilm / Disney

    Mas quão negativo é ter a carreira inteiramente conectada a um só personagem? Com a sinceridade de quem recentemente lançou uma autobiografia, I Am C-3PO, Daniels admite que chegou a se questionar sobre sua permanência no icônico papel. “Nos últimos 43 anos, houve um momento em que pensei se deveria parar: ‘Será que esse é um trabalho para um adulto?’, essa pergunta meio que pairava no ar”, ele conta. “Então, percebi que de fato eu não tinha outro emprego e acabei ficando com este mesmo [risos]. O que aconteceu ao longo dos anos é que passei a gostar muito do 3PO -- e ainda gosto. Porque às vezes ser marcado por um único papel pode ser uma maldição. Mas, no meu caso, foi muita sorte.”

    Eternizado e realizado, porém não totalmente exausto: quando indagado sobre projetos futuros de Star Wars, Daniels deixa claro que colocaria a armadura dourada em uso novamente -- isso se a Disney assim o quiser. “É claro que faço isso por amor”, ele define. “A profissão de ator é diferente de outras. Se eu tivesse de ir a um escritório das nove às cinco, ou se trabalhasse em uma fábrica, a ideia de aposentadoria seria uma alegria. Já como ator, de alguma forma, você sempre estará disponível... desde que seja pago.”

    Confira também as entrevistas que o AdoroCinema realizou com o diretor J.J. Abrams, Daisy Ridley (Rey), Billy Dee Williams (Lando), Oscar Isaac (Poe) e John Boyega (Finn). Star Wars: A Ascensão Skywalker já está nos cinemas.

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