Leonardo DiCaprio, que costuma usar seu Instagram para alertar sobre questões ambientais, foi acusado por Jair Bolsonaro de ter financiado queimadas criminosas na Amazônia. Diante da afirmação do presidente do Brasil, o ator rebateu a denúncia na rede social, e foi defendido por Mark Ruffalo.
O astro havia feito em agosto alertas sobre as queimadas na floresta tropical e o descaso da imprensa internacional sobre o assunto, em um post que posteriormente foi removido.
Na última sexta-feira (29), Bolsonaro falou a apoiadores quando saia do Palácio da Alvorada: "Quando eu falei que há suspeitas de ONGs, o que a imprensa fez comigo? Agora, o Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia", acusou.
Um dia antes, o presidente falara sobre DiCaprio ao vivo em uma rede social, após seu filho, Eduardo Bolsonaro, publicar que DiCaprio teria doado "300 mil dólares para a ONG que tocou fogo na Amazônia".
"O pessoal da ONG, o que eles fizeram? O que é mais fácil? Botar fogo no mato. Tira foto, filma, a ONG faz campanha contra o Brasil, entra em contato com o Leonardo DiCaprio, e o Leonardo DiCaprio doa 500 mil dólares para essa ONG. Uma parte foi para o pessoal que estava tocando fogo, tá certo? Leonardo DiCaprio tá colaborando aí com a queimada na Amazônia, assim não dá", declarou o presidente.
Bolsonaro se referia aos quatro brigadistas suspeitos de incendiar uma área florestal na região de Alter do Chão, no Pará, que foram presos e posteriormente soltos. Segundo a investigação da polícia, eles teriam provocado incêndios e vendido imagens — que teriam sido usadas pela ONG WWF para conseguir doações, inclusive de DiCaprio. O Ministério Púbico, por sua vez, afirmou que não há indícios do envolvimento dos brigadistas e investiga a ação de grileiros em Alter do Chão.
Em entrevista coletiva no último domingo (01), Marcelo Aron Cwerner, um dos voluntários soltos após decisão judicial na quinta-feira (28), afirmou: "Realmente a gente não recebeu nada do Leonardo DiCaprio". Cwerner confirmou a afirmação do próprio ator e ambientalista, que declarou no Instagram no sábado (30):
"Neste período de crise para a Amazônia, eu apoio o povo do Brasil que trabalha para salvar seu patrimônio natural e cultural. Eles são um exemplo incrível, comovente e humilde do compromisso e da paixão necessários para salvar o meio ambiente. O futuro desses ecossistemas insubstituíveis está em jogo e tenho orgulho de apoiar os grupos que os protegem. Embora dignas de apoio, não financiamos as organizações citadas. Continuo comprometido em apoiar as comunidades indígenas brasileiras, os governos locais, cientistas, educadores e o público geral que estão trabalhando incansavelmente para proteger a Amazônia para o futuro de todos os brasileiros", disse DiCaprio.
Diante das acusações, Mark Ruffalo, intérprete do Hulk no Universo Cinematográfico Marvel, fez um tuíte defendendo Leonardo DiCaprio, rebatendo as afirmações do governante e criticando a política ambiental brasileira.
"Bolsonaro e sua galera criam bode expiatório contra as mesmas pessoas que protegem a Amazônia dos incêndios que ele próprio permitiu que acontecesse. Pergunte a si mesmo: o que mudou recentemente no Brasil para que isso aconteça agora? Bolsonaro e suas políticas (não) ambientais", escreveu o ator.
As declarações do presidente Bolsonaro repercutiram na imprensa internacional. O jornal americano The New York Times, a revista Time e The Washington Post escreveram que Bolsonaro culpou falsamente o ator, citando uma reportagem da agência de notícias The Associated Press que diz que as incriminações "fazem parte de uma campanha governamental mais ampla contra grupos ambientais sem fins lucrativos que operam no Brasil". Enquanto isso, o argentino Clarín afirmou que o governante fez as denúncias sem mostrar provas.