Willem Dafoe é um dos artistas mais versáteis em atividade. Vulko em Aquaman, Duende Verde/Norman Osborn em Homem-Aranha, o ator agora está em turnê de divulgação pelo filme O Farol, do aclamado diretor indie Robert Eggers, o mesmo de A Bruxa.
Em meio a tanta discussão sobre filmes da Marvel serem cinema ou não, nada mais apropriado do que abordar o assunto com aquele que interpretou ninguém menos que Jesus Cristo em uma das grandes obras de Martin Scorsese, A Última Tentação de Cristo.
“Em primeiro lugar, eu não acho que seja uma discussão. Acho que, em uma entrevista para divulgar O Irlandês, alguém fez a pergunta e o Scorsese estava cansado, querendo espairecer e falou de filmes de que ele, particularmente, não gosta. Mas, então, isso aumenta porque se espalha por todos os lugares. Então, eu não quero adicionar combustível a esse fogo, porque é meio ridículo e evidente por si mesmo, sabe?”, disparou Dafoe.
Ainda assim, Dafoe foi além e deu sua opinião como ator. “Gosto de participar desses filmes [da Marvel e DC], mas acho que encontro meus maiores prazeres em produções como as de Robert Eggers, que são pessoais e específicas. E, claro, quando você faz filmes grandes, você tem a responsabilidade de alcançar grandes audiências, porque existem pessoas que querem o retorno do investimento delas”, afirmou o ator, em referência ao controle criativo que os grandes estúdios impõem aos realizadores.
“Então, você fica muito consciente do que as pessoas querem e dá isso a elas. Minha preferência é participar de um filme que descubra algo, que nos surpreenda e nos leve para lugares diferentes”, concluiu.
Embora mais sucinto na resposta, Eggers também fez questão de deixar sua opinião sobre a questão. “Se o cineasta não consegue manter a própria voz fazendo um filme de história em quadrinhos, então, não é cinema. Mas, se ele consegue manter sua voz, então é. Como são cinema os Batman’s do Tim Burton e do Christopher Nolan, O Homem-Aranha do Sam Raimi”, disse o diretor.
Além de Marvel, Dafoe aproveitou a visita ao Brasil para revelar o que o levou a ter uma relação tão próxima com o país. “Não foi planejado, mas eu acabo vindo bastante para cá”, afirmou. O ator já esteve em terras brasileiras em algumas ocasiões com peças de teatro, participou do último filme de Hector Babenco, Meu Amigo Hindu, e agora planeja gravar um filme nos Lençóis Maranhenses, ao lado da esposa Giada Colagrande, que é cineasta.
“O Brasil é um lugar em torno do qual o nosso mundo gira, e é diferente da cultura na qual eu cresci. Talvez seja isso que o torne tão atrativo, porque representa outro mundo para mim, outro ponto de vista, e isso me atrai”, concluiu o ator.
A primeira parte da entrevista, realizada em São Paulo a convite da Vitrine Filmes, pode ser vista no vídeo acima. A segunda parte será publicada em breve, também no AdoroCinema.