Apesar de serem muito diferentes no ponto de vista cinematográfico, Segredos Oficiais, protagonizado por Keira Knightley, e O Relatório, com Adam Driver na linha de frente, conversam bastante entre si por serem baseados em fatos e, mais do que isso, possuem a mesma mensagem: a de que qualquer pessoa ou organização pode encarar o peso de suas escolhas se elas atingem a sociedade numa escala global.
No filme protagonizado por Knightley, acompanhamos esta história nos moldes de Todos os Homens do Presidente e Spotlight, com diversas cenas na redação do jornal britânico The Observer; mas o enredo é bem dividido entre o trabalho da imprensa para divulgar com cuidado as informações que Katharine Gun retirou secretamente de seu trabalho como tradutora em uma grande agência de inteligência. Suspense e drama nas medidas certas.
Já em O Relatório, a estrutura do enredo traz a sensação de como estivéssemos vendo a transcrição de um documento investigativo. De tão protocolar que a narrativa é conduzida, não há muitos momentos que atingem o auge que a verdadeira história possui. O filme se garante graças à boa atuação de Driver (já cotado ao Oscar 2020 por História de Um Casamento) como o agente Daniel Jones - por mais que não saibamos praticamente nada sobre seu personagem além da dedicação que coloca no trabalho. No entanto, sua coragem é válida como o autor de um relatório de milhares de páginas que denunciou a CIA por práticas de tortura consideradas ilegais.
Destaques da 43ª edição da Mostra, ambos os casos reais ganharam visibilidade mundial no início do século XXI e provam que o gênero thriller baseado em acontecimentos surpreendentes com protagonistas interessantes (e muito corajosos) nunca deixou de sair de alta.
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