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    Mostra SP 2019: Do cinema islandês ao palestino, dramas internos se coincidem com temáticas globais

    Cinematografia que pode passar "fora do radar" do público é destaque na programação.

    Como já manda a tradição, a 43ª Mostra de Cinema Internacional em São Paulo dá a oportunidade do público conferir filmes que dificilmente chegarão ao circuito nacional. Alguns chegam a ser comprados por distribuidoras num futuro próximo, outros não - e isso faz com que os cinéfilos tenham de escolher atentamente suas programações, aproveitando o que talvez seja uma chance única de ver certa história na telona.

    E muitas dessas histórias são contadas por países muito distantes do Brasil. É o caso de O Paraíso Deve Ser Aqui, do palestino Elia Suleiman (que será homenageado pelo festival este ano), o drama islandês Um Dia Muito Claro, o documentário ambientado nas montanhas da Macedônia do Norte, Honeyland (que tem chances de chegar ao Oscar 2020), e Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia, também macedônio.

    Todos estes filmes têm uma grande característica em comum: são quatro personagens que vivem com dramas internos muito evidenciados pelo roteiro. Isso acaba ditando o ritmo e o tom de cada narrativa de uma maneira tão potente quanto sentimental; além de identificável, pois estamos falando de pessoas reais com dramas reais.

    Deus é Mulher... e Honeyland, por exemplo, ganham camadas profundas não só por possuírem mulheres como protagonistas, mas também por fazê-las lidarem com a influência masculina que cercam suas vidas. Por mais que um destes filmes seja no formato de documentário, o drama e o problema são ainda mais evidenciados pela visão crua e cruel da apicultora que perde seu território e suas abelhas para o vizinho - da mesma forma que a ficção sobre a jovem que pega a cruz de um ritual realizado exclusivamente para homens também impacta, pois pode muito bem estar acontecendo em algum lugar do mundo neste exato momento.

    Já no caso de O Paraíso Deve Ser Aqui, o que temos em evidência é o próprio Suleiman como personagem de seu filme, trafegando por diferentes países e culturas para levar (e observar) um pouco da Palestina ao mundo. Pode ser considerado uma comédia, mas também é um drama universal sobre saber qual é sua identidade. Um Dia Muito Claro aproveita a ambientação iluminada e isolada de uma pequena cidade da Islândia para trabalhar seu protagonista de modo que ele evidencie um tema que também é absoluto: o luto e suas diferentes fases que precisam ser respeitadas para a superação acontecer.

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