Well, well. Cinco anos se passaram desde que o mundo descobriu que Angelina Jolie era a perfeita Malévola, e agora ela está de volta ao papel da “bruxa má” de A Bela Adormecida na sequência do live-action da Disney, Malévola - Dona do Mal. Agora, com Aurora (Elle Fanning) um pouco mais velha e prestes a se casar com o príncipe Phillip (Harris Dickinson), a nova rainha de Moors é praticamente adotada pela futura sogra, a Rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer). O problema é que os humanos estão bastante receosos e temerosos em relação a Malévola após os eventos do primeiro — a sua fama de má, afinal de contas, transcendeu terras e mares —, e isso faz com que a relação entre Aurora e Ingrith deixe a madrinha furiosa, causando ainda mais rupturas na já frágil relação entre os humanos e os habitantes da floresta encantada.
Agora sob a direção de Joachim Rønning (Piratas do Caribe - A Vingança de Salazar), Maleficent - Mistress of Evil (no original) chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 17 de outubro, e tem como novatos no elenco Michelle Pfeiffer e Harris Dickinson, que assume no lugar de Brenton Thwaites como Phillip, além de Chiwetel Ejiofor e Ed Skrein que chegam para que Malévola descubra que não é a única entre os seus. Para o elenco, Malévola 2 é, acima de tudo, uma mensagem sobre família e como sobreviver a uniões e rupturas.
Aurora, rainha dos Moors e dona do próprio nariz
“No segundo filme, ela encorpou um amor pela vida. Ela vive entre dois mundos; ela é humana mas também é rainha dos Moors, e cresceu em meio a eles”, explica Elle Fanning sobre sua versão de Aurora, a uma platéia de jornalistas em Los Angeles, na Califórnia, na promoção do lançamento do filme. “Ela vive harmoniosamente dos dois lados, e não entende por que o mundo não consegue fazer isso. Ela se fortaleceu e tem muito mais convicção em si mesma, aprendeu a confiar na sua independência. Eu amo o tema familiar no filme, porque é muito realista em relação à vida real, a respeito de crescer e deixar o ninho, sobre ela tomar as próprias decisões na vida.”
Tendo vivido a princesa Aurora pela primeira vez aos 14 anos, Fanning agora estrela a sua primeira continuação, algo que enxerga como uma forma de refletir tanto a maturidade da personagem assim como a sua própria. Em meio à onda de empoderamento que reflete em personagens como a princesa Jasmine de Naomi Scott do mais recente live-action de Aladdin (2019), a jovem atriz vê sua personagem sob outro viés:
“A mãe dela obviamente não aprova o amor pelo príncipe Phillip, e sabemos que o amor ganha e que Aurora enfrenta a Malévola. E isso é algo muito forte e pode ser chocante para os fãs. Aurora está assumindo o controle da própria vida. Mas ela faz isso com muita doçura, que é algo muito poderoso. Nós não queríamos que Aurora fosse uma dessas personagens com armadura, e que ela tivesse uma espada e estivesse lutando, e que isso fizesse dela forte. Essa não é a natureza da Aurora e não é necessariamente verdade. Amo que ela simbolize isso, para jovens garotas que são como ela. Eu era essa garota, e eu sempre fui delicada. Queria ser mãe, me casar, e sempre fui muito feminina. E não há nada de errado com isso. Nós conseguimos mostrar a força em aceitar a própria feminilidade, e Aurora faz isso com um vestido rosa. Bem valente!”
Angelina Jolie, Malévola e dois lados de uma mesma moeda
Retornando ao papel da vilã após uma temporada investindo na direção, Jolie não sabe exatamente qual o motivo que faz dela a pessoa aparentemente perfeita para interpretar Malévola, mas está grata por isso.
“Quando eu era criança e vi o desenho — quer dizer, o filme animado... me perdoe, Disney — claramente [Malévola] estava atraída e inundada de inspirações, e tudo em volta dela: a voz original, as mulheres originais que estavam ao seu redor, tudo me inspirava e me atraía demais. Havia muito o que aprender”, confessa Jolie.
“O estranho sobre atuar é que, quando você não está no ramo de atuação, está sempre se perguntando sobre quem você é, e sobre como as pessoas te enxergam; você não sabe muito bem, mas talvez hoje com as mídias sociais, todos conheçam as opiniões um do outro. Como ator, é estranho porque você coloca alguma coisa no mundo e alguém diz: ‘bem, isso é muito você’. E você pensa: ‘sério?! É mesmo?!’”, segue em tom de brincadeira, arrancando risadas com a entonação de sua voz.
“E quando eu recebi a ligação [sobre Malévola], eles disseram: ‘Nós pensamos que você é a única pessoa que poderia interpretar a Malévola. É muito óbvio’. E todas as outras pessoas repetem: ‘Bem, é muito óbvio’. Eu realmente não sei como eu devo me sentir sobre isso, e ainda assim eu a amo. Talvez eu deva simplesmente aceitá-la totalmente na minha vida. Há alguns anos, quando fizemos o primeiro [filme], eu queria encontrar os outros aspectos dela, e agora eu passei por coisas diferentes na minha vida e eu estou muito feliz por me sentir forte novamente e me divertir. Eu adoro a Malévola e existe algo nela que faz eu me sentir muito orgulhosa de estar associada a ela.”
A maternidade e a saída do ninho
Para a protagonista, a jornada de Malévola em Dona do Mal é algo com o qual ela se identifica particularmente devido à profundidade de temas envoltos em maternidade e família — algo que ela relaciona consigo mesma ao lembrar dos próprios filhos. Jolie aproveita o momento para confessar que há uma certa similaridade entre a jornada de descoberta de Aurora com seu filho mais velho, Maddox, que recentemente saiu de casa para cursar faculdade na Coréia do Sul.
“Para ser honesta, estou muito orgulhosa. Maddox estava muito pronto e está indo muito bem. Eu fiquei emocionada, porque ele passou os últimos dias comigo enquanto eu achava que eu estava o preparando para ir, me certificando de que ele estava levando os sapatos corretos, as jaquetas, óculos. Você trabalha muito duro como mãe e pensa: 'uau, eu estou o ajudando de verdade'. E então no aeroporto ele se sentou comigo e eu fiquei pensando: ‘ah, ele quer ficar mais tempo’. E então eu percebi que a semana toda foi para mim, foi ele me preparando e se certificando de que eu ficaria bem. Eu fiquei muito orgulhosa, mas chorei algumas vezes.”
“Tem uma cena neste filme que eu preciso deixar [Aurora] ir, e isso não estava no roteiro, mas eu não queria soltá-la”, continua. “Então o Diaval tem que entrar na cena e me falar para soltá-la. Isso me emociona toda vez porque penso em todos os filhos e no momento em que precisamos deixá-los partir. E isso também é empolgante.”
A mensagem do filme
“Na história do primeiro filme, a Malévola se perdeu e perdeu a habilidade de ser delicada e se sentir amada, e o amor de uma criança certamente tem um poder — na minha vida, ser mãe trouxe à tona algo que me transformou”, confessa Jolie.
“Mas nós somos diferentes, somos criaturas diferentes no filme. Há metáforas, e sem querer ser muito profunda a este respeito, acho que um bom filme para um público mais jovem tem certas mensagens, e há uma questão nessa história. [Eu e Aurora] somos separadas e as pessoas dizem que, porque não somos iguais, não somos família. Porque você não é exatamente como ela, você não é mãe dela. E isso ressoa comigo. E eu acho que a Malévola questiona se ela é boa o suficiente para ser mãe, e se ela é mãe. No meio do filme nós partimos em jornadas diferentes, e ela se encontra em outro lugar, entendendo que ela é de uma certa forma, nasceu de um certo jeito, então aquela deve ser sua verdadeira natureza”, explica.
“Nós passamos por um período no meio do filme em que todos estão focados em suas diferenças, o quão diferentes somos. E nós vamos para nossos próprios cantos. E então há um incentivo para dizermos que não é assim que deve ser, não é assim que temos que viver; e que a diversidade nos fortalece, e que deve haver uma forma melhor para seguir em frente. Temos que nos unir. Então fazemos isso no filme, com os humanos, as criaturas e o povo de Moor se unindo; fazemos isso enquanto família, e nos unimos para lutar contra a separação. Nós criamos a união e declaramos que este é o mundo em que queremos viver. Isso é uma mensagem importante. Não estamos aqui apenas para existir, você precisa saber de que lado está, por que lado está disposto a lutar e morrer. E se você viver desta forma, qualquer dor e sacrifício que vier com isso você consegue abraçar, e isso te enche de propósito”.
Michelle Pfeiffer finaliza: “Sim, é um conto de fadas, mas também brinca com uma área cinzenta e fala sobre bem contra o mal, e que todos nós temos um pouco de tudo em nós. É o que eu amo no primeiro filme e também o que eu aprecio neste, sobretudo em termos de fortaleza e como isso se manifesta de forma diferentes em cada um. É o que gostamos na Aurora, também. De todos nós, ela é a mais forte e mais inteligente. Quer dizer, a minha personagem é diabólica, mas eu não a consideraria terrivelmente esperta”.
Laysa Zanetti viajou até Los Angeles a convite da Walt Disney Pictures.