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    Festival de Vitória 2019: 5 cineastas desta edição para ficar de olho

    Evento no Espírito Santo apresentou um diversificado painel de realizadores.

    A 26ª edição do Festival de Vitória chegou ao fim, mas não sem uma trajetória marcante. Nos seis dias de evento, foram exibidas mostras que se destacaram pela pluralidade técnica, narrativa e temática das produções, comandadas muitas vezes por cineastas jovens e em início de carreira, mas que já demonstram imensa qualidade autoral. 

    Pensando nisso, fizemos uma lista de cinco cineastas que passaram por esta edição e prometem fazer carreiras brilhantes no cinema brasileiro. Confira os nomes abaixo.

    Shay Peled

    Com dois documentários em curta-metragem na programação do festival, Peled era uma sensação sempre que subia ao palco do Teatro Glória, recebendo muitos aplausos da plateia, principalmente de seus pares. O motivo para tanto sucesso ficava evidente em tela, minutos depois. Em Jardim Secreto, a realizadora acompanha Eugênio Martini, comerciante do centro de Vitória, que, ao longo dos anos, instalou no entorno de sua loja mais de 100 câmeras de vigilância. Ele se considera um defensor dos interesses e da segurança da comunidade, mas sua conduta logo desperta críticas e se transforma numa discussão sobre os direitos dos indivíduos à privacidade. 

    Em Refúgio, co-dirigido com Gabriela Alves, Peled nos apresenta a alguns refugiados que precisaram abandonar seus países em zonas de guerra, e encontraram no Espírito Santo um novo lar. O que chama a atenção nos trabalhos de Peled, além das temáticas sociais, é a sensibilidade com que retrata seus personagens. Ela consegue, simultaneamente, exaltá-los e apontar suas contradições e problemáticas, sem necessariamente fazer um juízo de valor sobre suas ações, deixando para o espectador a função de interpretar as imagens em tela. 

    Fellipe Fernandes

    Com seu Tempestade, Fellipe Fernandes fala de inquietação, tanto a individual quanto a coletiva. Ele acompanha um personagem que, enquanto lida com questões existenciais, também se vê diante de um embate no ambiente opressor de trabalho. Fernandes apresenta uma direção segura e se destaca principalmente pelo tom e estética empregados no curta. A atuação do elenco, assim como o design de produção — as imagens da figura coberta por panos são um espetáculo à parte, e lembram a Morte de O Sétimo Selo —, dão ao curta-metragem pernambucano uma bem-vinda identidade própria. 

    Lívia Perini

    Também de Pernambuco, o curta-metragem Cor de Pele, de Lívia Perini, foi um dos mais impressionantes na programação deste ano. No filme, a cineasta acompanha o cotidiano de um menino albino de 11 anos chamado Kauan, morador de Olinda, assim como suas dificuldades em sair ao sol e se relacionar com crianças de sua idade. Oriundo de uma família de seis filhos (três albinos e três negros), o garoto é uma atração por si só. A maneira como ele fala da própria condição e de sua luta para se encaixar na cultura local, que gera uma intensa rotina de cuidados com a pele e visão, é divertida, espirituosa e faz o espectador se relacionar facilmente com sua história. O trabalho bem costurado e visualmente impactante de Perini a coloca entre os cineastas mais promissores desta safra. 

    Diego Paulino 

    Paulino é o diretor por trás de NEGRUM3, documentário de São Paulo que já acumula mais de 18 prêmios e passagem por mais de 40 festivais, nacionais e internacionais. No curta, chama a atenção o alinhamento refinado entre discurso e estética como forma de expressão e empoderamento da comunidade negra e LGBTQI+. A produção se autodenomina "um filme‐ensaio sobre negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora".  

    No 26º Festival de Cinema de Vitória, NEGRUM3 levou dois prêmios: melhor filme, na Mostra Competitiva Nacional de Curtas, e direção para Diego Paulino. O trabalho também foi ovacionado pelo público presente na exibição, no Teatro Glória. Com essa trajetória tão importante que vem fazendo, a obra coloca Paulino como um dos nomes para se observar nos próximos anos. 

    Carolina Markowicz

    Embora tenha uma carreira de mais de uma década como diretora, Markowicz se destacou ainda mais com O Órfão, um curta-metragem de ficção que parece ser unanimidade por onde passa. O filme teve passagem por importantes festivais internacionais, como Cannes, onde recebeu o Queer Palm - Short Film  — prêmio atribuído ao melhor filme em curta-metragem LGBT do festival —, Toronto, Miami e SXSW. O curta de Markowicz aborda a sensível história de Jonathas, um garoto que por muito tempo mora em um lar de acolhimento e sonha em ser adotado, mas, quando isso finalmente acontece, é devolvido por conta de seu "jeito diferente". 

    Kauan Alvarenga, o intérprete de Jonathas, foi o grande vencedor do prêmio de melhor interpretação da Mostra Competitiva Nacional de Curtas. 

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