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    Festival de Gramado 2019: Miguel Falabella revela que fez o filme de Sai de Baixo para poder rodar Veneza

    Toma lá, dá cá.

    No cinema brasileiro, muitas vezes um filme leva anos para obter a quantia necessária para ser rodado, devido às dificuldades em se obter financiamento. Se você acha que esta situação acontece apenas com diretores e atores desconhecidos ou com o cinema independente nacional, está muito enganado. Até mesmo Miguel Falabella, o eterno Caco Antibes, passou por esta via-crúcis.

    "Venho batendo em portas e portas, as pessoas me diziam para fazer uma comédia. Eu queria fazer este filme, qual era o problema? Pura caretice, porque preciso fazer apenas uma coisa só?, me deixa sonhar. Finalmente, fiz um acordo em que tinha que voltar para fazer o filme de Sai de Baixo para conseguir fazer Veneza. Fui meio puta, no fim das contas", disse o diretor, arrancando gargalhadas. "Fui fazer, estávamos todos velhos e o programa tinha acabado anos atrás, mas acharam que daria alguma coisa e não deu em nada. Enfim..."

    Lançado em 21 de fevereiro deste ano, Sai de Baixo - O Filme teve um público de 469 mil espectadores, bem aquém do esperado diante da popularidade do programa da Rede Globo.

    Confira a seguir os principais destaques da coletiva de Veneza, novo filme dirigido por Miguel Falabella.

    INSPIRAÇÕES

    Ao rodar Veneza, Falabella buscou se inspirar em vários de seus diretores prediletos. "As cores do [Luchino] Visconti estão na casa do bordel, pedi que fosse pintada desta forma", revelou. "Queria olhar para as personagens de maneira fabulosa, de forma que a fábula fosse chegando aos poucos para que realmente este final tivesse mais impacto [..] O que queria mesmo era recriar o fantástico do latino-americano, que é um traço muito forte das nossas culturas. Até porque as realidades latino-americanas são tão doloridas que o fantástico sempre foi uma parte muito importante da arte."

    MUDANÇA SÚBITA DO SET DE FILMAGENS

    Com o cenário da casa de Gringa já pronto em uma cidade no interior do Rio de Janeiro, Miguel Falabella teve que abandonar todo o trabalho já feito para mudar o local das filmagens, devido a um imprevisto. Com o estado passando por um surto de febre amarela, a atriz Carmen Maura foi impedida por seu médico de tomar a vacina da doença. Com isso, não poderia viajar para o Brasil.

    Para não perder a participação da atriz espanhola, ícone de vários filmes de Pedro Almodóvar, o diretor resolveu transferir todo o set para o Uruguai, onde não havia este problema. "Tivemos que mudar o set de filmagens com duas semanas. Agora que lutei tanto para ter a Carmen não iria tê-la mais, não é possível! Ela foi tão querida, me ligou e disse estar arrasada porque esta febrita estava atrapalhando o filme. Disse a ela que iria fazer Veneza de qualquer maneira!", disse o diretor, emocionado.

    EROTISMO

    Por mais que tenha muitas cenas de nudez, de variadas atrizes, Falabella que ressaltou que, no filme, o sexo tem também um jeito meio galhofeiro. "Na cena, por exemplo, em que estão todas atendendo os clientes e a Gringa começa a gritar, virando um estorvo para todos, a outra está atendendo o cliente e tem que sair debaixo dele para atendê-la e coloca uma outra no lugar. Então tem esse lado galhofeiro, mas também tem o do afeto. Os personagens da Dira Paes e do Du Moscovis foram criados juntos, então tem um sexo de irmãos, que se funde com o sexo no passado, aí sim o sexo mais carnal, mais erotizado."

    ORGULHO EM SER UM ARTISTA POPULAR

    "As pessoas passam por mim na rua e abrem um sorriso", contou o diretor, cheio de orgulho. "Sinto muita alegria por isso e tenho muito orgulho por ser um artista popular. Neste país tão sofrido, tão machucado, os artistas populares têm uma missão e a cumprem ao chegar no coração do público ou para falar ao seu povo."

    Com estreia no circuito comercial agendada para 12 de dezembro, Veneza conta ainda com Carol CastroDanielle WinitsAndré Mattos no elenco.

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