O ano de 2019 tem sido particularmente bom para o cinema brasileiro, apesar do turbilhão político cercando a Ancine e as leis de fomento ao audiovisual.
O Festival de Berlim selecionou Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar, Greta, Chão, Marighella e Espero tua (Re)volta, entre outros; o Festival de Cannes destacou Bacurau (vencedor do Prêmio do Júri), A Vida Invisível (vencedor da Mostra Um Certo Olhar) e Indianara, enquanto o Festival de Roterdã exibiu No Coração do Mundo.
Agora, mais uma produção nacional venceu três prêmios de destaque: A Febre, dirigido por Maya Da-Rin, conquistou o prêmio da crítica internacional (FIPRESCI), o prêmio do Júri Jovem e o prêmio de melhor ator no Festival de Locarno para Regis Myrupu, ator indígena que teve a sua primeira experiência em atuação com este projeto. O ator agradeceu a recompensa:
“Estou muito emocionado com esse prêmio. Nós, povos indígenas, estamos vivendo um momento muito difícil. Não só nós, mas também a nossa casa, a floresta, está sendo destruída. Então, um indígena recebendo um prêmio como esse, mostra a nossa força e capacidade de atuarmos na sociedade não indígena, seja participando de um filme, seja como médicos ou advogados, sem que isso signifique a perda das nossas origens ou o esquecimento da nossa cultura”.
A Febre apresenta a rotina de Justino (Myrupu), vigia noturno em um porto de cargas. Com a morte da esposa e a partida da filha para estudar em outra cidade, ele se encontra cada vez mais sozinho. Quando passa a ter febres fortes, percebe uma figura assustadora à sua volta, mas tem dificuldade cada vez maior em distinguir a realidade da fantasia.
O filme também será exibido no prestigioso Festival de Toronto, antes de chegar aos cinemas brasileiros.