Katiúscia Vianna é uma redatora do AdoroCinema que acumulou mais de duas décadas de cultura inútil e decidiu transformar isso num emprego. Nessa jornada, ela tem a missão de representar os fandoms barulhentos e/ou esnobados do Twitter, falar das séries que a crítica ignora e celebrar as '"farofas" que trazem alegria para o povo. Ou seja, os guilty pleasures! Com um ponto de vista 'singular' (ou doido, depende de quem opina), surge a coluna Kati Critica — misturando açúcar, tempero e um pouco de haterismo zoeiro.
Achou que o 'Kati Critica' tinha chegado ao fim? Que nada, amiguinhos! Para a alegria dos 8 fãs dessa coluna (inclusive minha mãe, para quem mando um beijo!), estou de volta para comentar absurdos da cultura pop, após uma pausa para cobrir a San Diego Comic-Con e precisar de semanas de terapia após assistir o trailer de Cats. E por mais que eu deseje passar horas falando sobre como estou aterrorizada e fascinada pela figura de Taylor Swift como um gato de sapatilhas, existe outro tópico em alta no momento.
Ele. A Lenda. O Mito. A Pedra. Dwayne "The Rock" Johnson.
O lutador que se transformou num astro de Hollywood e, futuramente, será presidente dos Estados Unidos (ué, elegeram o Trump, espero mais nada!), está lançando Hobbs & Shaw, uma possível sub-franquia de Velozes & Furiosos. Pois tudo que precisamos na vida é mais uma saga milionária de ação, onde nada faz sentido, eba! Olha, já disse isso em minha primeira coluna: se o mundo é hater das minhas comédias românticas por serem açucaradas demais, eu tenho direito de ser hater com o tipo de longa onde o The Rock segura mísseis com as próprias mãos.
Só para deixar claro, tenho nada contra o moço em si. Afinal, ele é super carismático, sabe cair na porrada, tem timing cômico e foi pioneiro em divulgar seus projetos pelo Instagram... Tipo O TEMPO TODO. Se eu gosto de viver numa sociedade onde fotinho de rede social é pauta de notícia? Não. Mas o aplaudo por economizar rios de dinheiro com marketing. E o cara é tão poderoso que ganhou sua própria franquia depois que brigou com Vin Diesel, pois o estúdio não queria perdê-lo, mas também não ia transformar o set de Velozes & Furiosos numa nova guerra, a lá Fla x Flu no Maracanã.
Tendo dito isso, quero lhe dar uma dica: migo, para.
Obviamente, ele não vai parar. Ainda é um dos poucos nomes de Hollywood cuja presença garante venda de ingressos. Antigamente, só de ter Julia Roberts ou George Clooney no cartaz, isso garantia sucesso de bilheteria. Hoje em dia, quase não tem mais isso. Mas quando The Rock estrela um filme, pancadaria é certa, logo todo mundo vai ver. Afinal, que outro motivo faria o teste de DNA do Ratinho estar no ar por tantas décadas? É para ver sapato voando na cabeça de macho embuste.
E faz sentido, pois olha os músculos desse homem. Desperdiçá-los é que nem ir em restaurante de fast food para comer salada. Mas me entristece ver um cara com tanta personalidade ficar preso em muitos filmes iguais, lançados um atrás do outro rapidamente. É sempre a mesma coisa: The Rock é o líder de uma equipe especial tipo G.I. Joe - Retaliação; ou precisa salvar geral da destruição em massa (Terremoto, Rampage); ou se envolve em alguma outra trama genérica, nesse mesmo formato, que o permita bater nas pessoas e dizer frases clichês que até atacam minha gastrite de tão bizarras (O Acordo; Rápida Vingança). E ainda se juntou a franquia Velozes & Furiosos...
Por onde eu começo com essa obra-prima do cinema mundial? Sinceramente, eu sou fã de algo que consegue apostar no absurdo supremo para ficar tantos anos nos cinemas. Como esquecer o quinto filme, Operação Rio, onde os brasileiros falavam com sotaque de Portugal e quando TODAS AS PESSOAS presentes na Lapa tinham uma arma para apontar contra Hobbs?
Ou Velozes & Furiosos 6 que transforma Dom (Vin Diesel) numa espécie de Superman.Pois ele não simplesmente pula de uma ponte. O cara VOA para salvar Letty (Michelle Rodriguez) e ainda deve ser um gênio da física ou matemática, já que consegue calcular exatamente onde ela será jogada, a tempo de pegá-la e ainda cair direitinho sob um outro carro, sem morrer, com apenas alguns arranhões.
"Ah Kati, é filme de entretenimento!" Mas tudo tem limite nessa vida, minha gente! Depois falam que Harry Potter é mundo de fantasia...
Sem falar no filme seguinte, quando um carro se joga entre três prédios, ultrapassando cinco janelas, após levar um tiro de bazuca. Porém, nem eu tenho coragem de falar muito mal de Velozes & Furiosos 7, pois cantei "See You Again" por semanas a fio, tipo o Vin Diesel. Aliás, meu pai acredita, até hoje, que tal canção não ter sido indicada ao Oscar é uma das maiores injustiças da história da premiação. Nível revolta Gwyneth Paltrow ganhando de Fernanda Montenegro.
Em defesa de The Rock, ele até tenta diversificar. Não que seus personagens em Agente 86, Baywatch ou Um Espião e Meio fujam muito do padrão "homão da p*rra", mas inserem algo cômico na narrativa, pelo menos. Se bem que a adaptação da clássica série foi sido um desastre, então talvez seja melhor guardar esse exemplo na fanbase, junto com aquele Hércules, que somente não é mais massacrado pelo mundo, pois foi lançado perto daquela versão com o menino Emmett de Crepúsculo, que fez a proeza de ser ainda pior.
Mas ele é uma das melhores coisas de Moana, produz séries de TV, é youtuber e dizem que está bem em Jumanji: Bem-Vindo à Selva. Particularmente, não posso opinar sobre o último, pois ainda não vi, de puro ranço, já que amo o clássico do Robin Williams (Eu sou uma pessoa ridícula, mas assumo!). Tendo dito isso, eu ri de Dwayne Johnson encarnando Danny DeVito no trailer de Jumanji: Próxima Fase! O moço tem versatilidade!
Sinceramente, não é a figura de Dwayne Johnson que incomoda, pois ele tenta fazer seu melhor numa indústria cinematográfica que ainda prefere criar sequências superficiais, deslumbradas em empoderar a figura do macho alfa, que só reforça esse preconceito impregnado na sociedade sobre como o homem como é um ser superior e herói perto de donzelas indefesas; isso tudo no meio de explosões nível Michael Bay. Pois é "arriscado demais" investir em roteiros originais. Então, você quer ser o rei das guilty pleasures? Beleza. Mas não dá para trocar de figurino, pelo menos? A última vez que o vi com roupas coloridas foi em O Fada do Dente e esse filme é tão traumatizante que Julie Andrews parou de atuar desde então.
Moral da história: Não posso reclamar de quem estreia num CGI podre como O Escorpião Rei em O Retorno da Múmia — essa sim é uma franquia que deveria ser mais valorizada pelos cinéfilos mundiais (menos o terceiro filme). Ele é a prova viva que qualquer um consegue subir na vida. Veja o exemplo abaixo: