Neste domingo, 28 de julho, o Brasil se despediu de uma de suas maiores atrizes de cinema, teatro e televisão: Ruth de Souza. Ela faleceu aos 98 anos de idade, após um período de internação em Copacabana, Rio de Janeiro, para o tratamento de uma pneumonia.
O dia foi marcado por homenagens de grandes atores nacionais, em reconhecimento à importância de Ruth para a arte nacional, em especial para os artistas negros. Afinal, ela integrou o Teatro Experimental do Negro, primeiro grupo teatral composto por atores negros a se apresentar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a peça "O Imperador Jones".
Após uma formação em teatro nos Estados Unidos, incluindo estudos na Universidade de Harvard, retorna ao Brasil e conquista espaço em dezenas de filmes, com destaque para Terra Violenta (1948) e Sinhá Moça (1953). Em 1968, Ruth de Souza torna-se a primeira atriz negra a protagonizar uma telenovela: Passo dos Ventos, de Janete Clair.
Embora estivesse oficialmente aposentada nos últimos anos, participou de importantes documentários brasileiros recentes, como A Negação do Brasil (2000) e Pitanga (2016), ambos focados na questão da representatividade negra. Ela sempre clamou por uma maior e melhor representação dos negros nas artes, criticando os papéis estereotipados de serviçais e escravas.
Em 2019, seu legado foi homenageado pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz. Foi, em partes, graças ao talento e pioneirismo de Ruth de Souza que o cinema brasileiro possui nomes do porte de Zezé Motta, Milton Gonçalves e Grande Otelo, amigos com quem trabalhou em diversos projetos.