Em 10 de junho, foi dada a largada à 4ª Mostra de Cinemas Africanos no CineSesc, em São Paulo. Até o dia 17 de julho, 23 filmes de quatorze países diferentes serão exibidos dentro de uma seleção com foco no protagonismo feminino. A maioria das produções é inédita no país.
Na noite de abertura foi exibido ao público o queniano Supa Modo, de Likarion Wainaina. Nesta comédia dramática, uma garotinha doente encontra nos filmes super-heróis uma escapatória aos seus problemas.
Para agradá-la, a comunidade local discute se deveriam iludi-la, fazendo-a acreditar que tem poderes de fato, ou se deveriam fazer um filme, envolvendo-a na produção. Partindo de um elogio simples à fantasia, o diretor cria uma discussão muito mais ampla sobre os pactos que a ficção cria com o espectador. Leia a nossa crítica.
As curadoras Ana Camila e Beatriz Leal reforçaram que, além das projeções, o CineSesc trará uma série de debates com realizadores e pesquisadores de cinema africano. "É importante pensar, discutir, criar repertório sobre os filmes, e não só exibi-los", explica Ana Camila.
A cerimônia também foi marcada pela curiosa projeção de uma entrevista completa com o diretor Likarion Wainaina, antes mesmo de Supa Modo ser exibido. A curadora ressaltou a necessidade de "conhecer a cara dos diretores, de vê-los falar", o que certamente cria uma proximidade maior com autores pouco conhecidos no país.
No entanto, foi estranha a experiência de assistir ao debate sobre um filme minutos antes de vê-lo, fazendo com que ele chegasse pré-significado pelas intenções do realizador. Por mais benéfica que seja a experiência de ter um diretor apresentando a sua obra, a reflexão obviamente só faz sentido após a exibição do filme.
De qualquer modo, a Mostra revelou um início promissor, e trará uma variedade notável de produções que podem funcionar como bom antídoto à maré de refilmagens e sequências das salas comerciais.
A programação completa pode ser encontrada na página oficial do evento.