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    Olhar de Cinema 2019: Dirigido por Affonso Uchôa, curta-metragem Sete Anos em Maio é apresentado no festival

    Produção que denuncia mais um caso de repressão policial figura na Mostra Competitiva de Curtas.

    Com Arábia e A Vizinhança do TigreAffonso Uchôa se provou um cineasta de identidade singular. Já é possível saber quando um projeto tem sua autoria – e este é o caso de Sete Anos em Maio, curta-metragem de 42 minutos que, assim como na produção co-dirigida e co-escrita com João Dumans, aborda uma classe que vive às margens da truculência e desigualdade.

    Seu curta foi apresentado durante a primeira sessão competitiva de curtas no 8º Olhar de Cinema, na noite deste sábado (08), e logo em sua cena de abertura já é possível captar a essência similar à de Arábia – especialmente pela história também se passar na região metropolitana de Belo Horizonte.

    O ator que dá vida ao jovem Rafael Rocha, que violentado pela polícia foi obrigado a se isolar, é, de fato, Rafael Rocha – detalhe este crucial para a emoção contida em seu depoimento. Assim como o personagem Cristiano em Arábia (interpretado por Aristides de Sousa), Rafael não é um ator: ele é alguém comum, real e que faz parte da parcela de pessoas que, em sua busca de dignidade, não consegue se desvencilhar de um caminho tortuoso de preconceito, violência e, posteriormente, auto-sofrimento.

    Composto por cenas escuras e um monólogo tão impactante quanto desesperador, o filme de Uchôa é um lembrete que deve ser mantido à tona sempre que for possível – e o cineasta faz sua parte de forma original e ainda tratando o cinema enquanto meio de se contar uma verdade ainda muito contida na sociedade em geral.

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