Se não fosse por Luis Buñuel, a diretora francesa Germaine Dulac poderia ter a chance de ser considerada como a precursora do surrealismo. Apesar de também possuir elementos impressionistas, seu curta-metragem O Caracol e o Clérigo, de 1926, foi lançado dois anos antes de Um Cão Andaluz, uma das obras mais famosas de Buñuel e que ainda mantém-se como a que abriu tal movimento cinematográfico.
Os talentos dentro de presenças majoritariamente masculinas não devem ser questionadas, mas é fato que Dulac também possuía uma visão vanguardista dentro de seu caprichoso estilo de direção. O mesmo pode-se dizer de Agnès Varda, que mesmo tendo lançado filmes no prelúdio da Nouvelle Vague não aparece na maioria dos livros e estudos sobre o movimento francês.
Pensando nisso e na abertura importante que deve ser dada à essas mulheres que marcaram a história do cinema mais do que se pode imaginar, o 8º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba montou uma mostra dentro da programação Olhares Clássicos para Dulac. Três obras de sua autoria foram as escolhidas para serem apresentadas exclusivamente ao público do festival: Danses espagnoles (1928), Celles qui s’en font (1928) e o média-metragem La Cigarette (1919).
A retrospectiva conta com cópias bem preservadas (apenas La Cigarette não está completamente conservada) e que fazem o espectador viajar no tempo para uma época em que o cinema ainda estava tomando forma - mas com a forte visão de Dulac para com suas personagens femininas em pleno século 20.
O Programa Germaine Dulac acontecerá novamente no dia 10 de junho no Espaço Itaú de Curitiba. Confira a programação do site aqui e continue acompanhando a cobertura do AdoroCinema no 8º Olhar de Cinema!