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    Festival de Cannes 2019: Evento tem início com comédia niilista de zumbi estrelada por Bill Murray

    Os Mortos Não Morrem divertiu a plateia, em noite falada em espanhol.

    Oui on parle espagnol. Ou quase.

    A noite de abertura da 72ª edição do tradicional Festival de Cannes contou com um longo discurso do presidente do júri deste ano, o mexicano Alejandro González Iñarritu, primeiro latino-americano a ocupar a função, que usou a língua materna para declarar que não se sente um juiz. E terminou com um anúncio bilíngue de “boas-vindas” num jogral repetido em dobradinha pelos atores Charlotte Gainsbourg (em francês) e Javier Bardem (espanhol), que já trabalharam com o cineasta.

    “O único juiz capaz de julgar um filme é o tempo”, completou o realizador, que contará com quatro mulheres e quatro homens na escolha do melhor de Cannes em 2019, entre eles os realizadores Yorgos Lanthimos (A Favorita), Kelly Reichardt (Certas Mulheres), Pawel Pawlikowsk (Guerra Fria) e a caçula do grupo, a jovem Elle Fanning, de 21 anos.

    Num dado momento da fala de Iñarritu, Bill Murray, que foi chamado de “poker face” pelo apresentador da cerimônia, Edouard Baer, parecia cochilar, o que fez o grupo de jornalistas que acompanha a transmissão na sala ao lado do Grand Théâtre Lumière gargalhar.

    Getty Images

    Em Os Mortos Não Morrem, filme de abertura, dirigido por Jim Jarmusch (Flores Partidas), Murray interpreta um dos três policiais de uma cidade pequena dos Estados Unidos que, de repente, têm que lidar com a volta dos mortos-vivos. Os outros dois são vividos (com trocadilho) por Adam Driver e Chloë Sevigny.

    A comédia de tons niilistas é recheada de easter eggs do cinema de horror (e não só, porque sobra até para o Star Wars do Kylo Ren Adam Driver) e conta com um elenco enorme, que vai de Steve Buscemi a Selena Gomez, passando por Tilda Swinton (hilária) e os músicos (sim, são muitos) Tom Waits e Iggy Pop. A previsão de estreia no Brasil é em 11 de julho.

    Getty Images

    Segundo a crítica do AdoroCinema, “O filme jamais se leva a sério, nem enquanto terror, nem mesmo enquanto paródia. Talvez por isso ele equilibre as quase inevitáveis referências pop com um humor clássico e datado – o prazer de ver um policial grande dentro de um carro pequeno, ou de testemunhar policiais apáticos diante de uma cena sanguinolenta. Quem são os verdadeiros zumbis?, pode-se perguntar, mas nem mesmo esta inversão simbólica seria realmente inovadora dentro deste tipo de narrativa”. (Texto completo aqui).

    Divulgação

    Condizente com o cartaz (abaixo) que reverencia a cineasta Agnès Varda, morta no último dia 29 de março, a cerimônia, ainda que um tanto enfadonha, abriu com uma bela homenagem à realizadora.

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