No dia que marcou os 55 anos do golpe militar que instituiu uma ditadura no Brasil, o Cinemark se viu em meio a uma polêmica pela possível exibição de um filme dito a favor do regime. Em declaração publicada nas redes sociais nesta segunda-feira, a companhia afirmou que a decisão "foi um erro", explicando que não se envolve em questões partidárias e que "não teve envolvimento com a produção do evento."
A exibição do longa 1964, o Brasil Entre Armas e Livros foi organizada em eventos fechados e em salas alugadas, segundo informa a assessoria. Cinco exibições chegaram a acontecer, em Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Recife e Brasilia. No Rio de Janeiro, a sessão que aconteceria no domingo (31) foi inviabilizada por problemas técnicos.
O trailer do filme, que chegou a ser defendido nas redes sociais pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, informa que trata-se de "uma produção original Brasil Paralelo", companhia de "iniciativa 100% privada, com conteúdo gerado graças a assinaturas." Em publicação no Twitter, Bolsonaro havia comentado que a obra estrearia "falando verdades nunca antes contadas — muito menos pelo seu professor de história".
Segundo informa O Globo, o documentário tem entre os entrevistados Olavo de Carvalho, Williiam Waack e o herdeiro da família real brasileira, Luiz Philippe de Orléans. O filme estreia nesta terça-feira, no YouTube.
Após o comunicado do Cinemark, internautas adeptos ao discurso do filme criaram uma campanha de boicote à rede, chegando a questionar a exibição de Lula, o Filho do Brasil (2009) e de Marighella (2019), que estreou no Festival de Berlim e ainda não chegou aos cinemas brasileiros.