"Essa é uma história que muitas pessoas conhecem apenas em partes", disse o ex-'NSync Lance Bass ao subir ao palco do SXSW 2019 para apresentar seu novo filme. O cantor e também produtor trouxe ao festival o documentário The Boy Band Con: The Lou Pearlman Story, em que expõe ao mundo as fraudes obscuras do antigo empresário da banda, que também administrou os Backstreet Boys. Os esquemas, aliás, pouco tinham a ver com música: envolviam esquema de pirâmide e venda de ações de companhias fantasma.
"Lance [Bass] sabia que tinha muito mais envolvido. Ao contrário de outras reportagens já feitas, ele vai além do sexo, drogas e rock 'n roll", explicou o colega de banda Joey Fatone, que também prestigiou o evento. "E a questão é que ele lembra de tudo!", completou bem-humorado. De fato, a história é complexa e tem detalhes desconhecidos pela maioria dos fãs das boy bands, que sabiam apenas que o tal Lou Pearlman não pagava seus artistas à altura do sucesso que faziam. Os problemas com os contratos viraram notícia no final dos anos 90 e o fato inclusive motivou o título do álbum "No Strings Attached" (Sem Amarras), lançado pelo 'NSync no ano 2000, quando encerraram seus vínculos com o empresário.
O filme começa apresentando quem era o suposto homem visionário que se fez no ramo da aviação e depois ingressou no mundo da música, produzindo duas das maiores boy bands de todos os tempos. Segundo contam entrevistados, Pearlman teve a ideia de treinar jovens e formar bandas justamente após alugar um avião para o New Kids on the Block e descobrir o quanto os garotos estavam faturando.
Nesta época, o empresário já estaria envolvido em atividades fraudulentas e não são poucas as vítimas do esquema — os investidores, pessoas comuns, jamais viram suas economias de volta. Conforme a investigação do documentário se aprofunda, a conclusão é de que o dinheiro pode ter financiado o alto investimento inicial nestas bandas e, claro, o sucesso das boy bands fez o sistema se retroalimentar. Na posição de sexto elemento dos Backstreet Boys e do 'NSync, o nome do empresário pegou carona na fama e ganhou um selo de credibilidade, atraindo mais investidores.
The Boy Band Con consegue ser denso e explicativo, mas sem perder o tom leve, especialmente em seu início. O longa começa embalado pelos hits dos grupos e pelo clima de sonho dos músicos alcançando o sucesso, tudo graças ao "Papai Lou", como Pearlman gostava de ser chamado. Os fãs das bandas também ganham de presente vários casos curiosos da época: em um determinado momento, Justin Timberlake faz de conta que o ônibus da banda, ainda anônima, era perseguido por fãs. Mal sabia ele!
Entre os diversos entrevistados estão o próprio Lance Bass, JC Chasez e Chris Kirkpatrick, todos do 'NSync, AJ McLean, dos Backstreet Boys, Ashley Parker Angel, do O-Town, Nikki Deloach, da girl band Innosense, e Aaron Carter, irmão mais novo de Nick do Backstreet Boys — todos com carreiras lançadas pelo milionário Pearlman. Chama a atenção a ausência de Justin Timberlake, algo que o diretor Aaron Kunkel e Bass se esquivaram de falar a respeito: "Nem pensei em convidá-lo, na verdade. Mas somos todos amigos, fui ao show dele esses dias e foi ótimo", despistou o produtor.
Lou Pearlman foi preso e morreu na cadeia em 2016, mas o filme conta com sua presença não só com material de arquivo em vídeo, mas também através de controversas declarações em áudio registradas pelo amigo de infância Alan Gross. Por algum motivo, Gross gravava todas as suas ligações telefônicas e não foi diferente quando o amigo milionário começou a entrar em contato diretamente da prisão.
The Boy Band Con: The Lou Pearlman Story chega em breve ao Youtube Premium. Continue acompanhando a cobertura do SXSW no AdoroCinema! Siga também nosso Twitter e Instagram: @AdoroCinema.