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"Eu não precisava fazer um filme por 7 mil dólares. Eu fiz para ensinar as pessoas, mas vocês não vão acreditar em como ficou!", disse um animado Robert Rodriguez na abertura de seu painel no SXSW 2019. O diretor de Planeta Terror, Sin City e Alita: Anjo de Combate veio ao evento para apresentar Red 11, longa-metragem que rodou com apenas 7 mil dólares de orçamento— exatamente a mesma quantia que ele teve para rodar O Mariachi nos anos 90.
A experiência de baixo orçamento que abriu a porta e estendeu o tapete vermelho da indústria para Rodriguez o fez sempre manter as coisas em perspectiva. Hoje ele julga essencial ter a capacidade de se manter criativo para alcançar uma carreira longeva:
"Depois que você faz um filme com esse custo, o número te persegue. Outro dia me contaram que havia dois artistas diferentes apenas fazendo estudos visuais para um novo filme que eu estava dirigindo. O custo? 7 mil dólares. E eu sempre respondo 'você sabe que eu fiz um filme inteiro com esse dinheiro, certo?' A indústria precisa de dinheiro, mas a criatividade, não... Outros diretores que surgiram na minha época são tipo os Vingadores, viraram pó".
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Se em O Mariachi os diários do diretor renderam o livro "Rebel Without a Crew", em que ele conta como conseguiu superar os desafios financeiros sem ter uma equipe, 27 anos depois ele lança Red 11 com o principal objetivo de educar. "Quando você me vir fazendo, você vai estar pronto para fazer também", aconselhou ele. Toda a produção foi pensada para rodar um documentário de bastidores em paralelo, explicando cada etapa do processo do longa, do roteiro à edição e finalização.
A trama de Red 11, aliás, retoma um capítulo curioso da vida do diretor: a experiência que o próprio teve como "rato de laboratório" para testar medicamentos, justamente a forma como levantou o orçamento para realizar O Mariachi. Quem vive o protagonista é o ator Roby Atal (Parque do Inferno), personagem aspirante a cineasta que se submete à condição de "lab rat" para pagar uma dívida com os investidores de seu filme. Os toques de fantasia à la Rodriguez surgem quando os bizarros efeitos colaterais dos remédios começam a afetar todos os voluntários do estudo.
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O novo filme de baixo orçamento não chegou perto de gastar o custo de 7 mil dólares: depois de locar uma câmera para os 14 dias no set, foram gastos 3 mil com o cachê do numeroso elenco, cerca de 200 dólares de figurino e a pós-produção foi totalmente de graça. Robert editou e finalizou tudo em casa e contou com o filho Racer Rodriguez como o único membro da equipe de roteiro e captação. A interessante trilha sonora também teve custo zero: foi assinada pelo outro filho do diretor, Rebel Rodriguez, que também atua no longa.
Os contatos e a família talentosa obviamente ajudaram o diretor desta vez, mas não foram poucos os truques de custo zero usados, inclusive em cenas de ação e luta, filmadas com a câmera numa cadeira de rodas, não num travelling. Para iluminar o filme todo, o diretor usou apenas placas de LED que já tinha em casa, duas grandes e uma pequena. "Eu me recusava a gastar dinheiro. Se eu precisasse comprar 11 camisetas vermelhas para os personagens, eu comprava 8 e tirava de um ator para o outro no próximo corte", explicou.
Em 1992, O Mariachi foi um filme simplesmente "colocado no mundo", nas palavras do diretor, e acabou se tornando a sensação do Festival de Sundance, fazendo uma carreira acontecer a partir dali. "Não espere a câmera perfeita. A recompensa é a jornada, não o resultado final", ponderou Robert Rodriguez. O clima de "feito é melhor que perfeito" permeou toda a palestra com ares de masterclass, com o diretor inspirando os presentes a simplesmente se desafiarem e colocarem seus planos em prática: na vida, nos negócios e também no cinema.
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