Todo mundo já sabia que o documentário Leaving Neverland ia causar polêmica. Afinal, é uma obra sobre dois homens que afirmam terem sido abusados sexualmente pelo cantor Michael Jackson durante a infância. Se fãs ameaçavam boicotar sua exibição no Festival de Sundance, a família do artista deseja impedir sua transmissão televisiva pela HBO, através de um processo judicial.
E seja qual for sua opinião em tal tópico, é inegável que os advogados da família Jackson tiveram uma ideia sagaz. Após criticar o projeto, os herdeiros do cantor estão processando a HBO, exigindo US$ 100 milhões por quebra de contrato. Calma que a gente explica: em 1992, a emissora foi responsável por exibir Michael Jackson in Concert in Bucharest: The Dangerous Tour, primeiro show do artista após o lançamento do álbum Dangerous.
"Nesse contrato, a HBO prometeu não fazer comentários depreciativos sobre o artista e nenhum de seus representantes, agentes ou parceiros de negócios, de alguma forma que pudesse prejudicar a reputação ou a imagem pública do cantor. Outras cláusulas do acordo exigem que a HBO consultasse Jackson e seus representantes quando desejasse exibir programação adicional sobre Jackson. [...] Resumindo, a HBO lucrou com Dangerous Tour e promovendo os talentos de Michael. Agora, a HBO ainda lucra com a Dangerous Tour, através de um 'documentário' que falsamente acusa Michael Jackson de abusar de crianças nessa mesma turnê. É difícil imaginar uma violação maior de contrato", declara o processo.
Família de Michael Jackson critica documentário sobre acusações de abuso sexual envolvendo o cantorO texto ainda declara que o atual presidente do canal, Richard Plepler, era executivo do setor de comunicações da HBO em 1992, então tinha conhecimento sobre as consequências de tal contrato. Em resposta, a emissora já afirmou que não irá mudar sua programação: "Apesar dos apelos desesperados para diminuir o filme, a HBO seguirá com os planos de exibir Leaving Neverland, nos dias 3 e 4 março, nos Estados Unidos. Isso irá permitir que todos tenham acesso ao filme, a fim de tirarem suas próprias conclusões."
Sob o comando de Dan Reed (Three Days of Terror: The Charlie Hebdo), o documentário (de quatro horas de duração) traz os relatos de Wade Robson e James Safechuck, que conheceram o intitulado "príncipe do pop" durante a infância. Ambos afirmam terem sido abusados pelo cantor, quando tinham apenas 7 e 10 anos, respectivamente, contando as situações pelas quais passaram em gráficos detalhes. Leaving Neverland ainda não tem previsão de estreia no Brasil.