A diretora Isabel Coixet sempre foi muito querida pelos curadores do Festival de Berlim. Seu último filme, A Livraria, teve presença garantida na Berlinale, e antes disso Ninguém Deseja a Noite abriu a Mostra Competitiva. Desta vez, ela retorna à disputa pelo Urso de Ouro do 69º Festival de Berlim com Elisa y Marcela, uma produção Netflix.
O projeto relembra a história real de duas professoras espanholas que se apaixonaram, no final do século XIX, e conseguiram se casar em 1901, apesar da pressão da sociedade conservadora. Elisa conquistou a façanha ao se vestir de homem e enganar um pároco local, até o caso se tornar público e ambas serem perseguidas. Apesar do interessante fato e do olhar respeitoso à homossexualidade, o filme força tanto a mão no melodrama que se aproxima do formato das telenovelas.
Muito mais bem sucedida foi a comédia dramática Synonyms, coprodução entre França e Israel livremente inspirada na vida do diretor Nadav Lapid. O filme mostra com bom humor a chegada de um jovem soldado israelense a Paris, visando fugir de seu país de origem.
De maneira sutil, o roteiro explora as dificuldades da língua, o medo do desconhecido e o alerta sobre o terrorismo, tanto na França quanto em Israel. Além disso, o ótimo ator principal, Tom Mercier, seria uma boa escolha para o prêmio de melhor ator.
Fora da competição, a cineasta francesa Agnès Varda exibiu o último filme de sua carreira, de acordo com suas próprias palavras. No documentário Varda by Agnès, ela analisa os momentos mais marcantes de sua trajetória, comentando as escolhas de roteiro, o trabalho com os atores, os aspectos técnicos, a transição para as artes visuais...
Além de ser bastante divertido, o projeto funciona como uma verdadeira aula de cinema. O novo documentário pode encontrar um público amplo, e certamente vai agradar os fãs de As Praias de Agnès e Visages, Villages.
No dia 14 de fevereiro será apresentado o último filme da competição oficial, o chinês So Long, My Son, além do brasileiro Marighella, dirigido por Wagner Moura.