Em 2014, o roteirista e escritor Roberto Saviano ganhou repercussão internacional ao expor o lado mais perverso das máfias italianas em Gomorra. Agora, ele retorna com a história específica das milícias do sul do país, comandadas por adolescentes.
Piranhas, dirigido por Claudio Giovannesi, levou à Mostra Competitiva do 69º Festival de Berlim a história de Nicola (Francesco di Napoli), garoto de 15 anos de idade que está cansado e ver as gangues em sua cidade e explorando sua mãe comerciante. Ele se junta aos amigos e faz alianças para crescer no mundo do tráfico.
Como se pode esperar, o filme está repleto de execuções, festas luxuosas entre gângsteres e mulheres bonitas no alvo dos garotos. Talvez o problema seja justamente esse: o filme não apresenta muito mais do que os momentos esperados do imaginário do gângster, sem muita criatividade. Mesmo assim, é um filme bem produzido.
Enquanto o concorrente italiano buscava chocar, outro filme na Mostra Competitiva, o alemão I Was At Home, But, chegou para confundir a imprensa. O projeto dirigido por Angela Schanelec consiste numa série de cenas longas e desconexas envolvendo membros de uma família.
O filme inclui momentos com coelhos correndo pelo campo, estudantes de arte debatendo filosofia estética e uma mulher negociando o preço de uma bicicleta. Parte da imprensa abraçou a ideia de uma história desestruturada, aplaudindo ao final da sessão, enquanto algumas vozes entoaram as primeiras vaias, ainda que discretas, da 69ª Berlinale.
Fora de competição foi exibido o novo filme do veterano francês André Téchiné. Esperava-se bastante de Farewell to the Night, obra sobre terrorismo islâmico com Catherine Deneuve e Jacques Nolot, mas o resultado é uma decepção. Além de trazer uma abordagem às vezes ingênua sobre a questão, o drama surpreendeu pelos problemas evidentes de montagem e fotografia, dando a impressão de um filme produzido e finalizado às pressas.
Em 13 de setembro, dois novos filmes na disputa pelo Urso de Ouro serão apresentados à imprensa: o romance histórico Elisa y Marcela e o drama autobiográfico Synonyms.
Leia o nosso guia do 69º Festival de Berlim.