Em 2019, o cinema brasileiro mantém uma forte representatividade no Festival de Berlim, um dos maiores do mundo. Em 2018, foram doze filmes selecionados, e na 69ª edição, repetimos o nosso recorde: doze novas produções representam o nosso cinema no evento alemão, nas mais diversas mostras.
O principal destaque fica por conta de Marighella, estreia de Wagner Moura na direção. A biografia do militante Carlos Marighella, estrelada por Seu Jorge, foi selecionada na Mostra Competitiva, a principal da 69ª Berlinale, ainda que fora de competição. Isso significa que o filme será apresentado no maior cinema, com direito a tapete vermelho e debate após o filme, porém sem concorrer a prêmios.
A Mostra Panorama, considerada a segunda mais importante em Berlim, escolheu nada menos que cinco produções brasileiras - três delas majoritariamente nacionais, e duas coproduções minoritárias com outros países. Divino Amor, de Gabriel Mascaro, teve ótima repercussão em Sundance com sua história gospel futurista, e tenta repetir o sucesso na Alemanha. Dira Paes e Júlio Machado são os protagonistas deste retrato sobre o papel da religião na vida pública e na política nacionais.
O documentário Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar, de Marcelo Gomes, apresenta o contraste entre o Carnaval e o trabalho dos operários numa pequena cidade pernambucana. Já Greta, de Armando Praça, se aventura pela comunidade LGBT num drama com Marco Nanini e Démick Lopes. Entre as coproduções, o Brasil participa de Breve Historia del Planeta Verde, ficção majoritariamente argentina sobre a busca por um alienígena, e La Arrancada, biografia familiar produzida por França e Cuba.
Na Mostra Forum, dedicada a filmes de formatos experimentais e ousados, temos três representantes: Querência, de Helvécio Marins Jr., sobre um vaqueiro cuja vida perde sentido após o roubo do gado do patrão; A Rosa Azul de Novalis, docudrama biográfico que explora a nudez e sexualidade, com direção de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro; e Chão, documentário de Camila Freitas sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.
Além destes títulos, Espero Tua (Re)Volta, de Eliza Capai, retrata as manifestações estudantis brasileiras na Mostra Geração, reservada aos filmes de temática infantil e adolescente, e O Ensaio, de Tamar Guimarães, registra uma adaptação teatral de Machado de Assis para discutir o racismo no Brasil. Para concluir, entre os curtas-metragens, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca apresentam o típico refinamento formal da dupla com Rise, coproduzido por Estados Unidos e Canadá, sobre o empoderamento de jovens desfavorecidos através da música.
Ao todo, são doze filmes brasileiros selecionados na 69ª Berlinale:
Marighella, de Wagner Moura (Mostra Competitiva, fora de competição)
Divino Amor, de Gabriel Mascaro (Mostra Panorama)
Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar, de Marcelo Gomes (Mostra Panorama)
Greta, de Armando Praça (Mostra Panorama)
Chão, de Camila Freitas (Mostra Forum)
Querência, de Helvécio Marins Jr. (Mostra Forum)
A Rosa Azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro (Mostra Forum)
Espero Tua (Re)volta, de Eliza Capai (Mostra Geração)
O Ensaio, de Tamar Guimarães (Mostra Forum Expanded)
Breve Historia del Planeta Verde, de Santiago Loza (Mostra Panorama)
La Arrancada, de Adelmar Matias (Mostra Panorama)
Rise, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca (Berlinale Shorts)