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    1 ano sem Woody Allen no cinema: Será o fim? (Análise)

    Pela primeira vez em quase quatro décadas, nenhum filme do diretor chegou ao circuito comercial.

    14 de outubro de 2017: Roda Gigante, novo filme dirigido por Woody Allen, encerra o prestigioso Festival de Nova York, em meio ao burburinho em torno da possível indicação de Kate Winslet ao Oscar de melhor atriz - algo nem um pouco surpreendente, vide o histórico do diretor em premiar suas atrizes.

    Poucas semanas depois, o hype em torno de Roda Gigante - e suas possíveis chances nas premiações de fim de ano - veio por terra após o retorno das acusações de Dylan Farrow contra o pai, de tê-la molestado aos sete anos. Natalie Portman veio a público para defendê-la, enquanto Timothée Chalamet e Rebecca Hall, que integram o elenco do filme seguinte do diretor, A Rainy Day in New Yorkdoaram seus cachês ao movimento Time's Up. Além disto, vários atores que estiveram em filmes antigos de Allen revelaram que não aceitariam trabalhar novamente com o diretor, dentre eles Colin Firth, Michael Caine, Ellen PageGreta Gerwig e Hayley Atwell.

    Diante de tamanha publicidade negativa, Roda Gigante teve desempenho pífio nas bilheterias: apenas US$ 15,8 milhões, baixo até mesmo para os padrões habituais do diretor, com 91% de tal quantia vindo dos cinemas fora dos Estados Unidos. Mais ainda: A Rainy Day in New York teve estreia adiada, por tempo indeterminado. Rumores apontam um lançamento direto no streaming, mas nem isto está confirmado.

    Com isso, chegamos ao panorama de 2018: pela primeira vez em 37 anos, nenhum filme dirigido por Woody Allen chegou aos cinemas. Nem no Brasil, nem em lugar algum. A última vez que isto ocorrera foi em 1981, no hiato entre Memórias e Sonhos Eróticos numa Noite de Verão.

    Em meio a um complicado imbróglio familiar, onde Dylan segue acusando Woody e o mesmo se defende tendo por base a investigação ocorrida na época, na qual não foi constatado abuso sexual, quem defende o diretor é seu filho adotivo, Moses Farrow, que afirma que a grande culpada é a atriz Mia Farrow, sua mãe, que teria feito lavagem cerebral em Dylan como vingança por ter sido trocada pela filha adotiva Soon-Yi, atual esposa do diretor. Ou seja, todos falam e (ainda) não há provas conclusivas sobre o tema.

    Enquanto isso, a carreira de Woody Allen segue estagnada. Por décadas, o diretor criou o hábito de lançar um filme e já trabalhar no projeto seguinte, seja roteirizando ou mesmo nos sets de filmagens, ritmo este que foi interrompido devido à polêmica. Preso ao contrato de mais três filmes com a Amazon, Woody não consegue lançar o longa-metragem já concluído nem mesmo obter dinheiro para rodar novos projetos. Aos 83 anos, pode ser este o fim de sua carreira no cinema.

    Apesar do contexto atual, é difícil imaginar que A Rainy Day in New York jamais seja exibido, seja nos cinemas ou alguma outra plataforma. Uma alternativa seria que um grande festival, do porte de Cannes ou Veneza, resgatasse o projeto em uma exibição fora de competição, como já aconteceu com outros filmes do diretor. A grande questão é: os curadores de tais eventos teriam a coragem de bancar a exibição de um novo filme de Woody Allen, sabendo de antemão que toda esta polêmica familiar ressurgirá?

    Enquanto nada acontece, Woody segue sua vida pacata, longe do cinema mas não da música: toda segunda-feira à noite ele ainda bate ponto com sua banda de jazz, no Café Carlyle de Nova York. No momento, é a única chance de vê-lo na ativa.

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