10º The Square - A Arte da Discórdia
O vencedor do Festival de Cannes em 2017 estreou apenas em 2018 no Brasil, com a história do curador de uma galeria de arte enfrentando diversos problemas no lançamento de uma obra. Com esta comédia corrosiva, o filme de Ruben Östlund critica a hipocrisia dos ricos, o mundo das aparências e a relação entre a burguesia europeia e os imigrantes.
"Seja a partir de provocações sobre o significado das obras que tanto defende ou de seus próprios atos, Christian é seguidamente confrontado em uma série de situações incômodas, apresentadas com extrema habilidade por Östlund graças ao uso de diversos coadjuvantes marcantes". Leia a crítica completa, escrita por Francisco Russo.
9º Tully
Apresentado nos Estados Unidos em janeiro e lançado comercialmente alguns meses depois, Tully perdeu forças para a temporada de premiações de novembro e dezembro, mas deixou ótimas impressões nos redatores do site com esta fábula realista e respeitosa sobre a maternidade:
"Uma personagem apaixonante pela veracidade. No olhar de Charlize Theron pode-se notar benesses e agruras, a partir de uma câmera intimista conduzida pelo diretor Jason Reitman, com quem a atriz já trabalhou em Jovens Adultos". Leia a crítica completa, escrita por Francisco Russo.
Este filme independente, de baixo orçamento e estrutura bastante simples, gira em torno de crianças de baixa renda morando perto da Disney, embora não tenham meios de conhecer o parque de diversões. O resultado surpreende pela vivacidade das imagens e da excelente atriz mirim, Brooklynn Prince:
"A menina é de uma naturalidade assustadora para uma criança de apenas seis anos. Em alguns momentos, é claro que há o mérito da câmera de Sean Baker conseguir capturar momentos fofos dela, mas há outros em que são exigidos talentos de atuação, e ela se sai assustadoramente bem. Ao final, o público chega até a se emocionar junto com a menina". Leia a crítica completa, escrita por Lucas Salgado.
A emocionante história de amadurecimento da diretora estreante Greta Gerwig extrai o melhor do cinema indie americano: bela construção de personagens, exposição sem medo das falhas dos protagonistas e a crença na possibilidade de união entre marginais, no caso, a adolescente Christine (Saoirse Ronan) com suas amigas e sua mãe (Laurie Metcalf).
"Uma condução honesta de um assunto do qual [a diretora] parece entender, na linha 'fale de sua aldeia e estará falando do mundo'. Com uma elogiada carreira como atriz, Greta passa a ser um nome a se ficar de olho também por seu trabalho atrás das câmeras, para o qual já se apresenta madura". Leia a crítica completa, escrita por Renato Hermsdorff.
6º Arábia
Este ano, vários filmes brasileiros foram citados nas listas individuais - As Boas Maneiras, Baronesa, Benzinho, Ferrugem, O Processo - mas apenas uma produção nacional entrou na lista conjunta, em posição de destaque: Arábia, o belíssimo drama de Affonso Uchoa e João Dumans sobre as lembranças de um operário mineiro:
"O filme é uma ode ao trabalhador comum, aquele indivíduo sem muita esperança, que tenta levar a vida de forma honesta, independente de não ter muita escolaridade. Num momento como o que o país vive hoje, com direitos trabalhistas sendo cortados, Cristiano é mais do que nunca um retrato do brasileiro simples". Leia a crítica completa, escrita por Lucas Salgado.
5º Custódia
Sensação da Mostra de São Paulo em 2017, quando lotou sessões e gerou briga por ingressos, o drama francês beira o suspense ao mostrar a briga entre um pai e uma mãe pela guarda do filho. Ela acusa o ex-marido de ser violento; ele a acusa de impedir as visitas ao garoto. Aos poucos, a história volta no tempo e desvenda o colapso de uma família.
"Custódia efetua uma alternância preciosa de pontos de vista: seria óbvio ficar apenas do lado dos sofredores, seria compreensível tentar dividir o tempo entre o pai e a mãe. Legrand encontra uma solução ainda mais ambiciosa ao se colar ora ao filho pequeno, ora ao pai, ora à mãe, ora à filha". Leia a crítica completa, escrita por Bruno Carmelo.
A nossa animação preferida do ano é esta fábula em stop motion que alerta sobre o perigo de governos autoritários e políticas separatistas. Wes Anderson, vencedor do prêmio de melhor diretor no Festival de Berlim por este projeto, embala o discurso progressista na história de uma cidade japonesa onde os cachorros são banidos. Um garotinho parte em busca de seu cão fiel.
"A relação com o comportamento humano é evidente, reforçada pela expressividade acentuada e os traços antropomórficos dos bichos. Sim, os cães são metáforas de humanos, e por este distanciamento do real, conseguimos rir e nos imaginar numa fantasia – algo que a imagem de homens e mulheres reais num campo de concentração tornaria mais difícil de digerir". Leia a crítica completa, escrita por Bruno Carmelo.
O Uruguai produz poucos filmes, e são raros os títulos que chegam ao Brasil. Mesmo assim, o drama dirigido por Alvaro Brechner conseguiu o feito de levar mais de 60 mil pessoas aos nossos cinemas - algo raríssimo para uma produção deste porte - permanecendo em cartaz há mais de oito semanas. Sinal de que o público aprovou a história dos presos políticos durante a ditadura uruguaia, entre eles o antigo presidente, José "Pepe" Mujica, que permaneceu doze anos numa solitária.
"Doloroso na carne e na alma, por vezes arrastando seus personagens e o espectador rumo à lama, encampado em um idealismo que vai além do político para mergulhar, fundo, no humanitário. Os momentos em que estão prestes a sucumbir não são poucos, e o diretor jamais os esconde; pelo contrário, há uma sensibilidade ao retratá-los que torna os personagens ainda mais humanos". Leia a crítica completa, escrita por Francisco Russo.
2º Três Anúncios para um Crime
Entre todas as produções que se destacaram no último Oscar, a nossa preferida foi, com folga, esta comédia sarcástica. O diretor Martin McDonagh traz uma crítica corrosiva às falhas do sistema americano, enxergando os abusos tanto do Estado (representado por Woody Harrelson e Sam Rockwell) quanto dos cidadãos (representados por Frances McDormand e Peter Dinklage). O resultado é um caldeirão perfeito para refletir sobre tempos de ódio e intolerância.
"O roteiro original, assinado pelo diretor, encadeia uma série de sequências tão absurdas, como surpreendentes. Mas elas só se tornam críveis porque são executadas por personagem ricos, que fogem do maniqueísmo do mocinho(a)/ vilão. Alguns deles, que parecem se conhecer há séculos, por sinal, desde já, mereciam um spin-off". Leia a crítica completa, escrita por Renato Hermsdorff.
1º Roma
Este filme só foi visto pelo público em dezembro, mas antes disso, venceu o prestigioso festival de Veneza e gerou algumas das críticas mais entusiasmadas de 2018, além de ser considerada a melhor produção da Netflix desde que a empresa começou a fazer seus próprios longas-metragens. O drama de Alfonso Cuarón, que homenageia a empregada doméstica de sua infância, impressionou pelo humanismo e pela beleza das imagens:
"Uma obra essencialmente intimista, mas que, ao mesmo tempo, também é épica. O foco está no desenvolvimento dos personagens e no retrato fiel da sociedade mexicana, mas em alguns momentos somos jogados em situações de catástrofes ambientais e sociais absolutamente inesperadas. Com isso, o filme se torna quase sempre imprevisível e instigante". Leia a crítica completa, escrita por Lucas Salgado.
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