Duas cidades brasileiras — São Paulo e Porto Alegre — se preparam para receber o show "La La Land In Concert" neste mês de dezembro. Em antecipação ao badalado evento musical, que consiste na exibição do filme La La Land - Cantando Estações acompanhado de uma grande orquestra sinfônica ao vivo, o AdoroCinema conversou com exclusividade com o compositor Justin Hurwitz.
A ideia de transformar o premiado musical em uma versão de concerto ao vivo surgiu logo depois que o filme foi lançado. Segundo Hurwitz, o estúdio lhe perguntou se poderia conduzir o concerto ao vivo do filme em Los Angeles, no Hollywood Ball. "Eu disse 'sim' para isso", revelou sobre a oportunidade. "Começamos a preparar esse show e, então, outra companhia começou a agendar uma versão do evento em outros lugares ao redor do mundo."
O sucesso foi tanto que o aclamado show esgotou ingressos por cada lugar que passou, incluindo Estados Unidos, Canadá, Turquia, Reino Unido, Itália e Suíça. Para o compositor, realizar o "La La Land In Concert" ao redor do mundo é um deleite. "Eu não vou na maioria dos concertos", admitiu ele, "mas gosto muito da ideia da turnê mundo afora, que as pessoas estão vindo para ver o filme e ter uma experiência com orquestra ao vivo."
Hurwitz acredita que um dos maiores méritos do projeto é apresentar a música sinfônica para quem nunca teve contato com o estilo. "Ouvi falar de pessoas que levam crianças pequenas, e é a primeira vez que eles vão assistir a uma orquestra ao vivo. Isso é algo muito legal para ser introduzido para os jovens".
"Quando estou conduzindo a orquestra, consigo sentir a energia e a empolgação das pessoas, e isso é realmente legal. Posso ouvir as pessoas aplaudindo depois de uma música, ou rindo de uma piada do filme, e é bom sentir essa energia do público porque concertos ao vivo realmente têm uma ótima atmosfera", completou.
O premiado músico ainda exaltou momentos em que a orquestra de La La Land vai deslumbrar o público brasileiro. "Acho que uma das coisas mais divertidas do concerto é quanta musicalidade vai em algumas das músicas, e o quão difíceis as partes do piano são. É realmente muito bom assistir aos músicos recriarem algumas das canções ao vivo, como ver o pianista de jazz refazer alguns solos ao vivo e em sincronia com o filme. Isso é realmente um truque divertido de se ver. E as outras partes também porque os músicos às vezes improvisam e você nunca sabe exatamente como vai ficar com o filme. E, finalmente, assistir a uma orquestra enorme tocando as músicas mais românticas do filme, também é incrível."
Hurwitz venceu o Oscar por seu trabalho em La La Land — tanto na trilha sonora quanto pela canção original "City of Stars" — e recentemente foi indicado ao Globo de Ouro por O Primeiro Homem, quarto filme que faz em parceria com o cineasta Damien Chazelle.
O músico afirma que o mais recente filme é um "desafio muito empolgante", afinal, não se trata de musical ou filme de jazz, mas de um longa-metragem dramático. "As músicas não são nada como o que fizemos anteriormente", comentou.
"Trabalhamos em todas as trilhas sonoras dos filmes que [Damien] fez, e é um ótimo relacionamento porque ele tem visões tão incríveis para os filmes dele, e isso inclui a música", disse o compositor sobre o amigo que conheceu aos 18 anos de idade. "Ele realmente tem uma ideia forte do que ele quer que a música seja, e isso é ótimo para mim. Para um compositor trabalhar com um cineasta que tem um comando tão forte sobre o tom do filme é muito bom. Realmente amo trabalhar com ele", elogiou.
Diante da vinda do concerto para o Brasil, o compositor aproveitou para relembrar seu processo criativo para o longa estrelado por Emma Stone e Ryan Gosling, que se iniciou lá em 2011. "Damien [Chazelle] estava escrevendo o roteiro, e começamos a trabalhar no piano, tentando achar melodias para as músicas e para a trilha sonora do filme", disse ele, comentando que enviou diversas "demos" de piano para o diretor.
Entretanto, eles encontraram dificuldade para tirar o longa-metragem do papel, pois nenhum estúdio queria produzir o filme. "Fizemos Whiplash, um filme menor no meio tempo", disse ele sobre o também premiado longa. "Então, em 2014, encontramos um estúdio que queria fazer La La Land, e voltamos ao trabalho", revelou Hurwitz, apontando que Chazelle continuou a escrever o roteiro, mas que ele mesmo teve que praticamente começar do zero.
"Joguei fora metade das músicas que tínhamos criado e comecei de novo do zero para metade delas e finalizei o restante [já criado]", explicou. "Nós descartamos muitas e muitas músicas, mas foi bom", ponderou. "Porque cada vez que você descarta uma música e começa de novo, criávamos algo melhor. Tiveram algumas músicas finalizadas que estariam no filme, mas não entraram. Teria uma música no filme chamada 'La La Land', que de fato cortamos da produção. Essa foi realmente a única conexão com o nome do filme".
Felizmente, o compositor teve ajuda logo depois: "em 2014, essa equipe de Nova York entrou no projeto, Benj Pasek e Justin Paul, para escrever as letras, então finalmente tínhamos versos para as músicas. E gravamos o filme". Só que o trabalho não parou por aí. "Depois de filmar, teve a pós-produção", disse ele "e eu tive de fato que fazer as partituras para as músicas."
Quando perguntado se a canção deletada alguma vez poderá ser ouvida pelo público, Hurwitz foi categórico: "Está guardada a sete chaves". Uma pena.
Em contrapartida, o compositor revelou sua canção favorita de todo o filme. Rufem os tambores: é a indicada ao Oscar "Audition (The Fools Who Dream)", performada por Emma Stone no filme.
E aí, ficou animado para "La La Land In Concert"? As apresentações acontecerão nos dias 16 e 17 de dezembro, em São Paulo, no Espaço das Américas e no dia 21 em Porto Alegre, no Auditório Araújo Vianna. Os ingressos estão à venda aqui e aqui.