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    Infiltrado na Klan: Spike Lee fala sobre a importância do humor e se declara a Pantera Negra - e ao Brasil (Entrevista exclusiva)

    “Filmes com afro-americanos não são lançados fora dos Estados Unidos e, se são, têm que ter uma estrela como Will Smith ou Denzel Washington”.

    Faça a Coisa Certa (1989), Malcolm X (1992), Irmãos de Sangue (1995). Spike Lee não só estabeleceu uma carreira de sucesso no cinema, como tatuou a bandeira do combate ao racismo como marca própria. Muitas vezes apoiado em história reais. Como então, até hoje, ele não havia filmado as peripécias de Ron Stallworth, um policial negro que, em 1978, se infiltrou na Ku Klux Klan, organização que prega a supremacia branca, oprimindo os negros?

    Simplesmente porque, apesar das quatro décadas que separam os acontecimentos do lançamento agora de Infiltrado na Klan, o diretor desconhecia essa história. “Eu não tive nada a ver com isso!”, ele brinca, em entrevista ao AdoroCinema em Cannes, em maio, quando o filme disputou a Palma de Ouro do festival - e Lee levou o Grande Prêmio do Júri capitaneado por Cate Blanchett.

    Getty Images

    O projeto começou com Jordan Peele, diretor de Corra!, que comprou os direitos do livro que revelou a história e confiou a adaptação ao amigo. “Jordan me ligou do nada dizendo: ‘Eu tenho essa história’. Então, qual é a história? ‘Bem, é sobre esse cara negro que trai a Ku Klux Klan’. Eu disse o quê?! Isso é verdade?! Não me venha com bobagem!”

    Apesar do tema “sério”, a narrativa do longa é conduzida de forma bem-humorada. “Eu simplesmente gosto da combinação. Dessa mistura. Nós temos um assunto muito sério e você o costura com humor”, conta o cineasta. Professor de cinema na Universidade de Nova York (NYU), ele cita como referências outros realizadores que usaram desse “blend”: Stanley Kubrick (Dr. Fantástico), Elia Kazan (Sindicato de Ladrões), Billy Wilder (A Montanha dos Sete Abutres), Sidney Lumet (Rede de Intrigas).

    Divulgação

    A posição acadêmica não impede, no entanto, que Lee curta outro “tipo” de cinema. “Pantera Negra mudou o mundo”, ele afirma, de forma enfática. “Filmes com afro-americanos não são lançados fora dos Estados Unidos e, se são, eles têm que ter uma estrela como Will Smith ou Denzel [Washington]. Pantera Negra ‘diz’: ‘cai fora com essa besteira’. Este filme não tem astros. Claro, é um filme da Marvel, mas mesmo assim, é um sucesso”.

    E "sobra" até para o Brasil. Spike Lee, que dirigiu aqui o documentário Go Brazil Go (2012) - e o clássico videoclipe de "They Don't Care About Us", de Michael Jackson - lembra com carinho de Hector Babenco, falecido em 2016, e do filme Pixote - A Lei do Mais Fraco. “Eu amo as pessoas no Brasil, me sinto em casa no Brasil”.

    Confira a entrevista no vídeo acima. BlacKkKlansman (ou Infiltrado na Klan) já está em cartaz no Brasil.

     

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