Para o australiano Hugh Jackman, tornar-se um ator não foi exatamente um processo natural. Diferentemente de outros tantos astros de Hollywood, que iniciaram suas carreiras como modelos, como descobertas repentinas de produtores e/ou simplesmente como pessoas que estavam no lugar certo e na hora certa, o eterno Wolverine trabalhou bastante e treinou muito para chegar onde chegou.
Com formação clássica na Academia Australiana Ocidental de Artes Dramáticas, Jackman começou nos palcos, uma trajetória que logo o levou de Melbourne para Londres. No West End, o equivalente britânico da Broadway, o ator australiano fez seu nome ser ouvido pela primeira vez — literalmente. Como protagonista da peça musical "Oklahoma!", Jackman foi nomeado ao Laurence Olivier Award — o Oscar do teatro da terra da Rainha — de Melhor Ator em um Musical e, em seguida, levou sua aclamada e premiada performance para o telefilme homônimo, sua porta de entrada para o universo do cinema.
No entanto, seu primeiro grande papel na sétima arte, aquele que viria a definir sua carreira, não guardaria relações particularmente estreitas com seu treinamento clássico ou com o mundo dos musicais. Mas as exigências do personagem logo mostraram que Jackman viria para ficar: inspirado por Clint Eastwood e Mel Gibson, retratando emoções intensas em curtíssimos diálogos e fazendo suas próprias e extremamente complexas cenas de ação — que, por sinal, lhe renderam muitas cicatrizes, já que as garras do irritadiço mutante eram bastante realistas — o australiano inaugurou sua jornada como Wolverine em X-Men.
Enquanto passou 17 anos vivendo na pele de Logan, Jackman, impulsionado pelo sucesso e pelo repentino estrelato, também migrou para outros territórios, diversificando ao máximo suas escolhas de carreira. De 2000 a 2006, para além de X-Men 2 e de X-Men: O Confronto Final, o australiano protagonizou títulos como a comédia romântica Kate & Leopold, a aventura Van Helsing: O Caçador de Monstros e as animações Por Água Abaixo e Happy Feet: O Pinguim. Em 2006, ainda, Jackman faria sua estreia no cinema de autor, trabalhando com nomes como Woody Allen (Scoop - O Grande Furo) e Darren Aronofsky (Fonte da Vida).
Com carta branca em Hollywood e poder de barganha suficiente para escolher e ser escolhido para qualquer papel, Jackman decidiu retornar às suas raízes em 2008, quando estrelou o musical Austrália. A versatilidade do ator e sua popularidade não só o colocaram na lista de astros mais rentáveis, como também fizeram com que ele conseguisse segurar as pontas mesmo após um fiasco de crítica como X-Men: Origens - Wolverine.
Líder de blockbusters de imensas bilheterias e estrela internacional, Jackman ainda precisava de uma validação: a do mundo das premiações. Por isso, depois de um hiato de dois anos, o australiano retornou às telonas buscando papéis ainda mais variados; e após alguns projetos como Gigantes de Aço e A Origem dos Guardiões, Jackman finalmente encontrou o personagem mais elogiado de toda sua carreira, e justamente no campo dos musicais: o Jean Valjean de Os Miseráveis.
Indicado ao Oscar, ao Globo de Ouro, ao BAFTA e a mais uma penca de troféus importantes e consagrados, Jackman finalmente quebrou o muro erguido entre suas aventuras e blockbusters e os filmes mais "sérios", do ponto de vista dos críticos. As conquistas o credenciaram para disputar mais papéis complexos e foi assim que ele acabou colaborando com o renomado Denis Villeneuve (A Chegada) em Os Suspeitos, sem nunca perder de vista os longas pelos quais ficou conhecido — além de viver novamente o Wolverine em Imortal e em Dias de um Futuro Esquecido, ele também fez parte de produções como Chappie, Voando Alto e Peter Pan; tudo isso entre 2012 e 2016.
2017, por sua vez, foi um ano excelente, mesmo para um ator tão veterano. Foi no ano passado em que Jackman conseguiu emplacar dois dos maiores hits de toda sua filmografia: Logan, no qual interpretou o mutante que alavancou seu nome em Hollywood pela última vez em uma trama muito emocionante e sombria, repleta de drama; e O Rei do Show, um musical que arrecadou US$ 434 milhões em todo o mundo e reafirmou o ator australiano como dono de uma voz única e de um talento ímpar para a música — para os fãs que desejam rever o trabalho do ator no empolgante filme, basta conferi-lo no Telecine Play!
Com uma boa quantidade de filmes por vir, a carreira de Jackman segue de vento em popa e o astro não dá sinal algum de que vá diminuir seu ritmo vencedor. Seu mais recente projeto, O Favorito, é um bom demonstrativo de sua amplitude dramática: o mesmo ator que viveu um mutante em um universo de fantasia das HQs durante quase duas décadas, hoje também vive um polêmico e real político americano, o senador Gary Hart, que tentou se eleger presidente dos Estados Unidos no fim dos anos 1980.
Cotado novamente para o Oscar e um dos possíveis favoritos da temporada de premiações 2018-2019 — com uma ajuda toda especial do seu amigo Ryan Reynolds —, Jackman retorna, portanto, às telonas brasileiras com O Favorito, no dia 17 de janeiro.