Um dos mais lendários filmes que jamais foram exibidos está prestes a ver a luz do dia: Amazing Grace, registro de um concerto gospel da icônica Aretha Franklin, documentado em janeiro de 1972 na New Temple Missionary Baptist Church, em Los Angeles. No show, a celebrada cantora, falecida há três meses, trouxe o álbum-título, um dos discos gospel mais vendidos de todos os tempos, para o púlpito da igreja; no entanto, em vida, Franklin barrou constantemente o lançamento do filme-concerto (via NY Times).
Os problemas judiciais — enfim solucionados pelos herdeiros da Rainha do Soul, que concordaram com a estreia de Amazing Grace, marcada para amanhã, dia 12 de novembro, como parte da programação do Festival DOC NYC — não foram, entretanto, os únicos contratempos enfrentados pelo projeto. Encomendado para acompanhar o lançamento do álbum homônimo, o documentário dirigido por Sydney Pollack (Tootsie, A Intérprete) também provou ser um verdadeiro desafio de montagem.
Deparando-se com mais de 20 horas de negativos rodados e falhas técnicas no desenho de som, os montadores da Warner, distribuidora originalmente responsável por Amazing Grace, acabaram desistindo de finalizar o longa e Pollack seguiu em frente. Estocado durante anos, intacto, os rolos do documentário foram comprados pelo produtor Alan Elliott, que fez o esforço principal para convencer os herdeiros de Aretha Franklin. Agora, não só Amazing Grace será lançado — a estreia comercial deve ficar para janeiro de 2019 nos EUA —, como também será credenciado ao Oscar.
"Aretha gostaria que tentássemos o prêmio de Melhor Filme. E ela também gostaria que ganhássemos", afirmou Elliott, apesar das chances mais claras de uma disputa pelo troféu de Melhor Documentário. Assim, 46 anos depois de sua produção, Amazing Grace chegará às telonas, em um período onde as não-ficções têm conquistado os espectadores estadunidenses. Resta aguardar e continuar acompanhando a incrível jornada deste trabalho em vida/póstumo de Aretha Franklin.