Neste dia 2 de novembro celebra-se o Dia de Finados, data de origem católica que é feriado no Brasil. Na tradição religiosa, a efeméride está relacionada à lembrança dos entes queridos que se foram, partiram para o além e, para eles, recomenda-se uma reza, um momento de oração. Por mais que por aqui, para muita gente, a data seja sinônimo de tristeza, no México, por exemplo, o Día de los Muertos, tem um caráter de festa, de celebração. Um ótimo filme sobre o assunto é a animação Viva - A Vida é Uma Festa.
Parte fundamental da experiência humana, a morte já inspirou dramas sobre luto como Reine Sobre Mim, suspenses sobrenaturais como O Sexto Sentido e comédias fantásticas como Beetlejuice - Os Fantasmas Se Divertem. Entretanto, em alguns outros filmes, a morte assume uma figura própria, se torna uma entidade pessoa. A ideia esteve presente na mitologia grega, na figura de Thanatos, no judaísmo como o Anjo da Morte e na cultura popular como o ceifador, uma figura esquelética vestida de preto e armada com uma foice.
Nesta matéria, separamos algumas vezes em que o cinema transformou a morte em personagem.
O Sétimo Selo (1957)
Clássico da filmografia de Ingmar Bergman, realizador especialmente celebrado em 2018 em função do centenário de seu nascimento, O Sétimo Selo se passa em um tempo de trevas da Idade Média e mostra Max von Sydow como um cruzado desiludido que retorna para casa e encara um cenário desolador, de doenças e pessimismo. Quando a Morte (Bengt Ekerot) o encontra, o cavaleiro a convida para uma partida de xadrez a fim de ganhar mais tempo e compreender os mistérios da vida.
O Último Grande Herói (1993)
Com uma trama de ação, comédia e fantasia, O Último Grande Herói traz a história de um menino solitário que usa o cinema como uma válvula de escape de seus problemas até que os personagens dos filmes cruzam a fronteira do mundo real. Assim, o menino conhece seu ídolo, Arnold Schwarzenegger, com quem vive diversas aventuras. Entre as muitas participações especiais está a de Ian McKellen, que interpreta a versão da morte vista em O Sétimo Selo, que ganha vida fora da tela após uma sessão do filme de Bergman.
Click (2006)
Com um pouco de A Felicidade Não Se Compra e De Volta Para o Futuro, a comédia Click se isola um pouco do restante da filmografia de Adam Sandler pelo componente de fantasia. No longa-metragem, Sandler interpreta um pai de família que ganha um controle remoto mágico capaz de avançar o tempo, o que resulta no protagonista deixando de viver momentos importantes em família. Perto do dramático desfecho do filme, o personagem descobre que Morty (Christopher Walken), quem lhe entregou o dispositivo, é o Anjo da Morte.
Beleza Oculta (2016)
Embora a personificação da morte seja na maior parte das vezes representada como uma figura masculina, algumas culturas (como a nórdica, polaca e báltica) têm uma concepção feminina da figura. No drama Beleza Oculta (2016), Will Smith interpreta um pai traumatizado pela perda de sua filha que passa a escrever cartas para a Morte, para o Tempo e para o Amor. Um dia o homem recebe respostas. Helen Mirren interpreta a Morte (enquanto Keira Knightley e Jacob Latimore interpretam o Amor e o Tempo).
Encontro Marcado (1998)
Se em outros filmes a morte é representada como uma figura ameaçadora, sinistra e até macabra, no drama fantástico Encontro Marcado, o "obito em pessoa" é uma figura conquistadora. Brad Pitt interpreta a Morte, que se passa por uma pessoa comum chamada Joe Black para se aproximar de um magnata interpretado por Anthony Hopkins. Antes de acabar com os dias do homem, Joe aceita prolongar o tempo de sua futura vítima na Terra em troca de lições sobre os humanos. No meio do caminho, a Morte se envolve em um romance com a filha (Claire Forlani) do empresário.
Bill & Ted - Dois Loucos no Tempo (1991)
Sequência de Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica, a comédia Bill & Ted - Dois Loucos no Tempo levou os personagens interpretados por Keanu Reeves e Alex Winter para uma trama ainda mais insana do que a do primeiro filme. Com viagem no tempo, conexões com ano de 2691, robôs exterminadores e outras loucuras, a trama mostra o assassinato dos protagonistas que, do além, precisam fazer amizade com a Morte (interpretada por William Sadler), conhecem Deus e o Diabo, e planejam o retorno ao mundo dos vivos.
Monty Python - O Sentido da Vida (1983)
O humor inconfundível da trupe britânica de humor mais célebre de todos os tempos também fez piada com uma personificação da morte. Em Monty Python - O Sentido da Vida, John Cleese interpreta o Ceifador no último segmento do filme episódico. No trecho em questão, a Morte visita um homem condenado e deixa a vítima escolher como quer morrer. A opção foi: perseguido por mulheres de topless. No segmento, o personagem interpretado por Graham Chapman foi o primeiro a ter contato com o Ceifador quando este interrompeu um jantar de amigos. Na vida real, Chapman foi o primeiro membro do Monty Python a morrer.
Orfeu Negro (1959)
Única produção com diálogos em português a ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro, Orfeu Negro leva para as favelas do Rio de Janeiro a história de Orfeu e Eurídice, presente na mitologia grega, com base na peça escrita por Vinicius de Moraes. Ambientado durante o Carnaval, o filme acompanha o romance do casal principal e o medo da morte (representada por um folião mascarado) que ela tem.
A Orgia da Morte (1964)
Nem sempre o manto da Morte precisa ser preto, viu? Em A Orgia da Morte, filme de terror baseado no conto de Edgar Allan Poe sobre a inevitabilidade da morte mostra a entidade com vestida de vermelho. A trama se passa na Itália medieval e traz um príncipe satanista que tenta, em vão, se isolar em seu castelo contra uma praga que está dizimando as vidas do povo.
Destiny (1921)
Com direção do mestre do expressionismo alemão Fritz Lang, o filme mudo Destiny foi um dos primeiros longas-metragens relevantes a mostrar uma personificação da morte. O filme traz uma série de romances trágicos na trama, incluindo uma história sobre uma mulher que deseja reencontrar o seu falecido amado que partiu para o além após o casal dar carona para a Morte (Bernhard Goetze), com quem a mulher agora barganha.