Depois de anos em desenvolvimento, a adaptação da HQ O Doutrinador acaba de chegar aos cinemas de todo o Brasil. Criado por Luciano Cunha como uma resposta aos escândalos de corrupção do país e às manifestações de 2013, o personagem do título faz dos políticos corruptos seus inimigos e parte numa caçada com métodos um tanto quanto pragmáticos. Para quem ainda não leu o quadrinho, fica a pergunta: afinal, como definí-lo? É um justiceiro ou um serial killer?
Em entrevista exclusiva para o AdoroCinema, a resposta dada pelo quadrinista Luciano e pelo roteirista Gabriel Wainer veio através de um fã: "Comentaram na página oficial do Facebook e é a melhor definição. Ele pensa como o V, age como o Punisher e e fala como o Rorschach". Coincidência ou não, todos os três já apareceram em alguma adaptação audiovisual: V de Vendetta, filme de 2005, a série O Justiceiro, do universo Marvel na Netflix, e o último que faz parte de Watchmen, de Alan Moore, já adaptado para o cinema em 2009 e prestes a virar série na HBO em 2019.
Complexo como os gringos, o protagonista brasileiro interpretado por Kiko Pissolato no cinema traz ainda um componente explosivo: um trauma familiar que se relaciona diretamente com a situação sócio-política do país. "Desde o quadrinho ele é um personagem atormentado. A própria escolha dele pela violência já demonstra esse desequilíbrio, por isso a gente sempre reforça que trata-se de um anti-herói", explicou Cunha.
Na entrevista completa no vídeo acima, criador e roteirista também falam sobre os cuidados que tiveram para tirar do papel a trama tão violenta quanto delicada: "O filme tem uma realidade comentada. A gente conseguiu sair um pouquinho do que estamos vivendo para trazer um entretenimento escapista e ter aquela catarse ali. Se sentir vingado pelo menos durante aquelas duas horas. Mas a gente sabe que na realidade é outra coisa".
O Doutrinador conta também com Tainá Medina, Samuel de Assis e Natália Lage, além de participações especiais de Eduardo Moscóvis, Helena Ranaldi, Marília Gabriela e Natallia Rodrigues. Entre os destaques do filme estão as boas sequências de ação, sendo que em 98% das cenas Kiko Pissolato descartou o uso de dublês.