Na noite de 20 de outubro, um dos filmes brasileiros mais aguardados da 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo foi apresentado ao público: Deslembro, primeira ficção da aclamada documentarista Flávia Castro (Diário de uma Busca).
Esta foi a estreia do drama no Brasil, após ser exibido no Festival de Veneza. Diante de uma plateia lotada, Castro se emocionou ao apresentar o filme, e arrancou aplausos calorosos ao dedicá-lo às vítimas do coronel Brilhante Ustra, o primeiro militar brasileiro condenado pela justiça brasileira por crime de tortura durante a ditadura. Ustra foi conhecido pelas práticas bárbaras que não poupavam crianças nem mulheres grávidas.
Deslembro justifica a homenagem às vítimas: a trama se passa justamente no Brasil pós-ditadura militar, quando uma família brasileira radicada na França retorna ao Rio de Janeiro. Esta é a oportunidade para a adolescente Joana (Jeanne Boudier) conhecer suas raízes e buscar indícios do pai, um desaparecido político.
O tema espinhoso é tratado com bastante delicadeza pela diretora, que combina a descoberta de Joana sobre a vida adulta com sua descoberta da política nacional. "A passagem à fase adulta equilibra a doçura das primeiras vezes com o amargor dos traumas da nossa história. Apostando num realismo poético em certa afinidade com o trabalho de Laís Bodanzky e Lúcia Murat, Castro demonstra um potencial notável como diretora de ficções", afirma a crítica do AdoroCinema.
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