Depois de uma enxurrada de elogios da imprensa especializada e conquistas de prêmios como o Oscar e o Globo de Ouro, Damien Chazelle se tornou um dos diretores americanos jovens mais relevantes de sua geração. Após os lançamentos de Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014) e La La Land: Cantando Estações (2016), chegou ao circuito brasileiro de salas de cinema o trabalho mais recente do cineasta, o drama O Primeiro Homem, cotadíssimo para as grandes premiações em 2019.
Com Ryan Gosling no papel de Neil Armstrong, astronauta da missão Apollo 11 que se tornou o primeiro homem a pisar na Lua, a produção integra uma longa tradição de filmes que exploram as fronteiras do espaço sideral, seja através do drama realista, seja através da aventura fantasiosa.
Em função da estreia de O Primeiro Homem, a redação do AdoroCinema elegeu os melhores filmes espaciais de todos os tempos em uma lista não-ranqueada. Concorda com a seleção? Discorda? Deixe sua lista pessoal nos comentários!
O Primeiro Homem (2018)
Sim, este filme é recente e ainda não passou pelo teste de fogo do tempo — que pode dar novas perspectivas para a maneira como um trabalho artístico é interpretado. Ainda assim, O Primeiro Homem merece espaço nesta lista por ter conquistado a cobiçada nota máxima do AdoroCinema. "Trata-se de uma obra sobre desbravamento, fixação e sonho. E sobre olhar o mundo sob uma nova perspectiva. Em 2018, é interessante notar como 'tentar ver o mundo de forma diferente' ainda é uma ideia que cativa nossos corações e mentes. É uma produção sobre heroísmo, mas não sobre heróis", diz o texto do crítico Lucas Salgado.
Gravidade (2013)
O nível de realismo alcançado por Alfonso Cuarón na representação do espaço sideral foi tão grande que uma gafe foi um dos maiores elogios que a produção poderia receber. Durante a promoção do filme para a imprensa, um repórter perguntou para o cineasta sobre as "dificuldades técnicas e humanas" de filmar no espaço e o diretor levou na brincadeira. Com efeitos especiais de ponta — algo fundamental em produções deste tipo —, Gravidade foi um êxito sensorial. O enredo é simples: dois astronautas (Sandra Bullock e George Clooney) precisam sobreviver a uma situação inóspita sem a ajuda da NASA após a missão de reparo do telescópio Hubble dar errado. Além de grande prodígio tecnológico, o filme é um deleite para os sentidos e apresenta uma narrativa repleta de tensão e emoção que inclusive reverencia os grandes clássicos do cinema que permitiram que um filme como Gravidade fosse possível.
2001: Uma Odisseia no Espaço (1968)
2001: Uma Odisseia no Espaço é o maior filme de ficção científica de todos os tempos. Ponto. O longa-metragem de Stanley Kubrick levou esse tipo de filme a um novo status de respeitabilidade justamente por ter sido capaz de explorar as melhores possibilidades especulativas do gênero, apontando para o passado e futuro com comentários sociais, políticos e filosóficos. Repleto de alegorias — que até hoje dão margem para múltiplas leituras —, o filme trouxe uma série de imagens icônicas e técnicas quase inconcebíveis para a época em matéria de efeitos especiais. Da montagem que separa milhões de anos de evolução com um simples corte, à melancólica conversa do astronauta David Bowman com o computador HAL, passando pela imponência misteriosa dos monólitos e pelo esfíngico desfecho, o longa-metragem representa uma experiência cinematográfica colossal.
Interestelar (2014)
A carreira de Christopher Nolan é marcada pela ambição do diretor de canalizar o legado dos grandes cineastas que o influenciam enquanto alia isso à tentativa de fazer um cinema comercialmente viável. Figura importantíssima na era dos blockbusters modernos, o cineasta mostrou audácia em Interestelar, estrelado por Matthew McConaughey, Anne Hathaway e Jessica Chastain. Mesmo que não tenha sido uma unanimidade entre a crítica, o filme sabe balancear bem racionalidade e emoção. A trama trama usa os mistérios do cosmos como o motor de uma história que envolve buracos negros, dimensões alternativas, galáxias distantes, tempo dilatado, mas sua grandeza maior está no sentimento de um pai por sua filha.
Lunar (2009)
Filho de David Bowie — ícone da música que cantou sobre o astronauta perdido no espaço em "Space Oddity" —, Duncan Jones fez sua estreia como realizador com um filme sobre… a solidão de um astronauta. Em Lunar, Sam Rockwell, em grande atuação, interpreta o operador de um sistema extrativista com base na Lua gerido apenas por ele. Sua única companhia é o sistema de inteligência artificial GERTY, que esconde segredos sobre a real situação ali e a sobre a própria identidade do protagonista. Com um conceito simples e bem executado, Lunar é um filme que mostra que o gênero da ficção científica espacial não precisa de grandes estúdios e orçamentos astronômicos para instigar o espectador. Isso sem falar no belíssimo pôster do longa-metragem.
Alien, o Oitavo Passageiro (1979)
Uma grande parte da fascinação da humanidade pelos mistérios do Universo vem da possibilidade de encontrar outras formas de vida em outros planetas. O que não se sabe, entretanto, é como seria a interação entre espécies extraterrestres e humanos. O cinema se encarregou de mediar esses encontros de formas amigáveis (como em E.T.) e outras nem tanto. Em Alien, o Oitavo Passageiro, o medo dos alienígenas (e tudo o que eles representam enquanto "os outros") se materializa nos horripilantes Xenomorfos. Com uma direção segura de Ridley Scott, o filme traz um design icônico para as criaturas e uma presença de cena firme e inesquecível de Sigourney Weaver, até então uma atriz desconhecida, como Ripley.
Os Eleitos (1983)
O renomado crítico Roger Ebert concedeu a Os Eleitos uma instigante definição: "épico experimental". O filme sobre os primórdios da NASA nos Estados Unidos acompanha o desenrolar do Programa Mercury, que intencionava preparar uma equipe de elite de militares para prodígios espaciais que fizessem frente aos avanços da União Soviética na corrida espacial. Com direção de Philip Kaufman, o filme foi um fracasso comercial, mas apresentou uma narrativa tensa e intensa que conquistou quatro estatuetas no Oscar. Um dos destaques é o trabalho dos atores, com grandes performances de Sam Shepard, Ed Harris e Dennis Quaid.
Apollo 13 - Do Desastre ao Triunfo (1995)
Com direção de Ron Howard, Apollo 13 - Do Desastre ao Triunfo é mais um filme que lembra dos perigos das missões espaciais. O longa-metragem acompanha a desafiadora terceira missão da NASA para pousar na Lua que foi abortada após um acidente no percurso de ida até o satélite natural da Terra. Após uma explosão no módulo de serviço, o objetivo da tripulação, interpretada por Tom Hanks, Bill Paxton e Kevin Bacon. Mesmo trazendo uma história com um final conhecido, Howard foi capaz de realizar um ótimo trabalho de suspense e tratar a tensa missão de resgate dos astronautas da maneira aflitiva que a história real demanada.
Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca (1980)
George Lucas causou um verdadeiro terremoto na cultura pop quando criou a franquia Star Wars com o intuito de apresentar ao público uma aventura espacial otimista na tradição das space operas. Inspirado na série Flash Gordon e no clássico japonês A Fortaleza Escondida, de Akira Kurosawa, Lucas mostrou no primeiro Guerra nas Estrelas o template do que viria a se tornar uma das franquias mais bem sucedidas do cinema em todos os tempos. A ambientação intergalática, a multiplicidade de criaturas e personagens, os cenários exuberantes, o design de naves e uniformes, além, é claro, do carisma dos protagonistas, fazem com que seja impossível falar sobre filmes espaciais sem mencionar Star Wars. Para representar a franquia na lista, escolhemos a produção mais impactante da trilogia original, Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca, que conta com o lendário duelo entre Luke e Darth Vader e o clássico momento "I am your father".
Guardiões da Galáxia (2014)
Herdeiro direto da tradição de longas-metragens como Star Wars, o mais colorido e vibrante filme do Universo Cinematográfico Marvel serviu para expandir as fronteiras da franquia e mostrar a força dos trabalhos coletivos da cinessérie. Com um uso intenso e inteligente de canções das décadas de 1970 e 1980, Guardiões da Galáxia trouxe o groove e diversão para um espaço sideral utópico. O filme funciona tão bem por conta da riqueza do roteiro de James Gunn (também diretor) e Nicole Perlman de trabalhar bem as personalidades da equipe de desajustados formada por Peter Quill, Gamora, Drax, Rocket e Groot.