ALEMANHA
Por mais que só tenha conquistado o troféu de Melhor Filme Estrangeiro em três ocasiões durante a história, a Alemanha é uma das nações mais consistentes quando o assunto é Oscar. E uma destas produções ganhadoras foi dirigida pelo atual candidato germânico ao prêmio: Florian Henckel von Donnersmarck (A Vida dos Outros), que retorna, mais de uma década depois, com seu Never Look Away, drama sobre o nazismo, um dos temas preferidos dos acadêmicos.
A partir do compêndio de detalhes disposto acima, é possível perceber que a Alemanha não pode ser considerada carta fora do baralho. Por mais que não tenha a mesma potência de boa parte de seus outros concorrentes e que não tenha vencido nenhum prêmio significativo até o momento, não se pode descartar um campeão passado e nem mesmo um título que foi indicado ao Leão de Ouro de Veneza. É bom ficar de olhos abertos: os alemães podem estar chegando e com "sedentos" por retribuição após a derrota de Toni Erdmann, há dois anos.
ÁUSTRIA
Por causa de uma certa mentalidade estreita dos acadêmicos - a mesma que quase instituiu o polêmico Oscar de Melhor Filme Popular -, os documentários normalmente ficam restritos à categoria que lhes é destinada. Ou seja, não importando a qualidade de uma não-ficção, suas chances de obter uma legítima indicação em outras categorias, como a de Melhor Filme ou de Melhor Filme Estrangeiro, são pouquíssimo concretas, para dizer o mínimo.
De fato, a última vez em que um documentário foi nomeado ao prêmio estrangeiro da Academia foi em 2013, quando o cambojano A Imagem que Falta rompeu o bloqueio - outra notável exceção à "regra" supracitada é o israelense Valsa com Bashir. Mas essa situação pode mudar com o representante dos tradicionais austríacos: Waldheims Walzer, não-ficção sobre a controversa atuação de Kurt Waldheim, ex-Secretário Geral das Nações Unidas, durante a Segunda Guerra Mundial e a eventual revelação de seus ideais nazistas.
HUNGRIA
Jamais descarte um campeão, mesmo que ele não esteja em sua melhor forma. Enquanto é praticamente impossível lançar um segundo filme tão bem-sucedido quanto uma obra de estreia tão potente quanto Filho de Saul, Sunset, mais recente produção do húngaro Laszlo Nemes não irá aos Estados Unidos a passeio e para ser um azarão que corre por fora se a Academia selecioná-lo para a disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Assim, por mais que tenha recebido sua cota de críticas negativas por onde passou, Sunset deve ser considerado como concorrente por seus triunfos - o mesmo, aliás, vale para o candidato turco, o The Wild Pear Tree de Nuri Bilge Ceylan, um dos mais consagrados realizadores contemporâneos. Vale ficar de olho nesses veteranos e antigos vencedores da premiação.
PARAGUAI
Enquanto a maior parte dos projetos selecionados nesta lista de favoritos ou vem da Europa ou foi exibido em Cannes, As Herdeiras chega na contramão. Drama paraguaio, o mais recente trabalho de Marcelo Martinessi encantou as plateias alemãs no Festival de Berlim 2018, de onde saiu vencedor do Prêmio da FIPRESCI (Federação Internacional de Críticos de Cinema) e também com as condecorações de Melhor Roteiro e Melhor Atriz para Ana Brun.
Na trama, Brun e Margarita Irún são muito mais do que amigas dondocas e herdeiras de grandes fortunas: são, na verdade, amantes, duas mulheres lésbicas em meio à tradicional sociedade paraguaia. Sutil e forte defensor do poder das sugestões, como denota a avaliação do AdoroCinema, As Herdeiras traz uma embalagem repleta de suspense para um drama romântico e social, estilo que pode ser o principal trunfo da candidatura paraguaia; esta é apenas a terceira vez na história em que nosso vizinho tenta concorrer ao prêmio, diga-se de passagem.
SUÉCIA
Pela foto acima já dá para sacar que Gräns é bizarro. E pela ótima crítica do AdoroCinema, que deu 4,5 estrelas à sombria comédia sueca, dá para ver que o representante nórdico foi feito para confundir e perturbar com seus traços de gore e filme trash, suas cenas de sexo explícito e sua mais pura esquisitice. Para resumir a ópera e colocar em outras palavras: Gräns traz tudo que a Academia não gosta.
O teor narrativo do suspense, no entanto, é a única "falha" que pode ser apontada pelos membros da instituição cinematográfica, uma vez que Gräns vem conquistando a atenção da imprensa internacional como um todo e aclamação generalizada por sua inesperada mescla de gêneros e sua difícil acessibilidade. Pode ser uma estrada complicada, mas este romance/thriller sobrenatural dramático tem potencial para surpreender e encontrar um lugar para si na lista final.