A carreira e a vida pessoal de Mark Wahlberg passaram por algumas das metamorfoses mais notáveis de Hollywood do início da década de 1990 até o lançamento de 22 Milhas, seu filme mais recente, que chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (20).
Duas vezes indicado ao Oscar, o ator nascido em Boston começou a carreira artística impulsionado pelo irmão mais velho, Donnie Wahlberg, com quem quase integrou a boy band New Kids on the Block. Como a imagem de bom moço associada aos precursores dos Backstreet Boys não combinava nada com o futuro protagonista de O Grande Herói, Wahlberg ingressou de fato música como rapper, sob o nome artístico de Marky Mark, que se apresentava acompanhado do grupo Funky Bunch.
Depois de hits como "Good Vibrations", destaque de seu primeiro álbum de estúdio, Music for the People (1991), Wahlberg trabalhou como modelo para a Calvin Klein até estrear como ator de cinema em Um Novo Homem (1994). Dali em diante, a música virou sua carreira secundária e a atuação ganhou um lugar central em sua vida profissional, deixando para trás o nome Marky Mark. Por ser uma figura controversa (para dizer o mínimo), levou um tempo até Wahlberg convencer os críticos de que era mais do que um aventureiro pela sétima arte e tinha talento para buscar objetivos maiores, como atestaram suas performances no polêmico drama Diário de um Adolescente (1995) e no suspense Medo (1996), onde o ator usou sua persona ao seu favor para viver um vilão.
Ao todo, Wahlberg já atuou em mais de 40 filmes, tem uma carreira como produtor de cinema e TV e já trabalhou com cineastas como Paul Thomas Anderson, Martin Scorsese e David O. Russell. Sua filmografia reúne blockbusters (Transformers: A Era da Extinção, Planeta dos Macacos), comédias (Ted, Pai em Dose Dupla), uma série de filmes baseados em fatos reais (O Grande Herói, O Dia do Atentado e Horizonte Profundo: Desastre no Golfo) e até produções independentes (Huckabees: A Vida é Uma Comédia).
Depois de ter problemas com a lei na adolescência e juventude por seu comportamento errático e ter sido condenado por agressões motivadas por racismo, Wahlberg (que reiteradas vezes repudiou suas próprias ações no passado) interpretou uma série de personagens em contato com situações de raiva e violência em sua carreira, sejam soldados ou policiais, sejam criminosos.
Em função da estreia de 22 Milhas nos cinemas brasileiros, a redação do AdoroCinema elegeu os cinco melhores filmes da filmografia de Mark Wahlberg. Aproveite para deixar também a sua lista de favoritos nos comentários.
5) Ted
Com Wahlberg bastante desenvolto no terreno da comédia, Ted (2012) traz o ator no papel de um adulto imaturo que tem como melhor amigo seu ursinho de pelúcia desbocado. Com roteiro e direção de Seth MacFarlane, o filme se tornou uma das comédias proibida para menores de maior bilheteria de todos os tempos por explorar de forma competente o lado absurdo de sua proposta. "A produção é um bom exemplo de como a imaginação não deve sofrer com limites ou barreiras. Quando bem executada por pessoas talentosas, toda ideia pode se transformar em algo bacana", diz a crítica do AdoroCinema.
4) Três Reis
Com uma ambiciosa mistura de gêneros, Três Reis (1999) é uma comédia de humor negro com a dinâmica de filme de aventura embutida em uma produção de guerra que entretem por cumprir tão bem o que ambiciona. David O. Russell mostra energia de um diretor inquieto neste filme que propõe um novo comentário acído sobre a banalidade da guerra a partir da Guerra do Golfo.
3) O Vencedor
Como todos os grandes filmes sobre esporte, O Vencedor é eficaz em mostrar que uma luta nunca é só uma luta e que os conflitos externos não são mais importantes que os internos. Com um bom trabalho de caracterização e uma premiada atuação de Christian Bale (que de certa forma até ofusca a do protagonista), o filme de David O. Russell traz Wahlberg no papel de um sujeito comum que, contra as probalidades, busca sua própria grandeza. Um bom filme de boxe que tem exito por deixar a emoção entrar no ringue sem melodramas baratos, mas com um genuíno trabalho de desenvolvimento de personagens.
2) Os Infiltrados
Não foi à toa que Wahlberg conquistou sua primeira (e até então única) indicação a um Oscar de atuação em Os Infiltrados (2006). O longa-metragem — ambientado na cidade natal de Wahlberg — traz Martin Scorsese em um retorno ao que ele sabe fazer melhor: extrair o lado obsessivo de seus atores e comandar tramas que remexem as vísceras do crime e da corrupção humana. Violento, politicamente incorreto, brilhante e perversamente divertido, o filme tem o vigor cinematográfico necessário para fazer jus a outros clássicos da filmografia do diretor.
1) Boogie Nights - Prazer Sem Limites
A gloriosa odisseia pornô na hedonista Califórnia dos anos 1970 proposta por Paul Thomas Anderson em Boogie Nights - Prazer Sem Limites (1997) só é tão bem sucedida por conta de atuações inspiradas como a de Mark Wahlberg. Em sua primeira grande chance como protagonista, o ator conseguiu convencer e está perfeitamente sintonizado com as incríveis atuações de alto nível de Burt Reynolds, Julianne Moore, Philip Seymour Hoffman e Luis Guzmán — que elenco! Com uma atmosfera envolvente, ritmo vibrante, e uma história que consegue ser ríspida e afável, PTA ofereceu em Boogie Nights uma de suas muitas demonstrações de domínio narrativo enquanto diretor e roteirista.