Sean Penn chamou o movimento #MeToo de "estridente" e "raivoso" durante entrevista ao programa de TV americano Today, exibido pelo canal NBC. A mobilização em questão ganhou projeção global quando mulheres da indústria do entretenimento se uniram para denunciar agressores e apoiar vítimas de assédio sexual em Hollywood após o escândalo que derrubou o infame produtor Harvey Weinstein.
O ator estava promovendo a série de The First, uma produção original do serviço de streaming Hulu, quando suas opiniões controversas sobre a mobilização anti-assédio. "Nós não sabemos o que é verdade na maior parte dos casos", comentou o ator e diretor, que considera o #MeToo um movimento "vulgar". Quando a jornalista Natalie Morales solicita que Penn desenvolva melhor o uso do forte termo, o ator prosseguiu: "Vulgar no sentido de que você chama de movimento algo que, na verdade, é uma série de indivíduos, vítimas, acusações, algumas delas infundadas. O espírito de muita coisa que tem sido associada ao movimento #MeToo é dividir homens e mulheres".
Ao ser contrariado pela jornalista, que afirmou que muitas de suas opiniões sobre o assunto seriam rechaçadas por mulheres, Penn alegou ter amigas que endossam o que ele diz. "As mulheres com quem eu converso quando não estou diante das câmeras, que eu escuto, de todos os perfis, chegam a um consenso sobre não se sentirem representadas pela maneira como a imprensa lida com o assunto", afirmou o vencedor do Oscar de melhor ator por Sobre Meninos e Lobos (2003) e Milk: A Voz da Igualdade (2008). Penn também disse que seria "atacado" por defender sua nada consensual visão sobre o tema.
"Eu tenho muitas desconfianças de um movimento que mostra muita estridência e muita raiva sem nuances", revelou. "E quando as pessoas tentam discutir isso de uma maneira nuançada, a nuance em si é atacada. Eu acho que é tudo muito preto e branco. Quando as coisas são muito importantes é muito bom ir devagar."
Com a fala, Penn é mais um nome da lista de homens — grupo que, estatisticamente, comete a maior parte dos assédios sexuais — que tem críticas ao #MeToo. Roman Polanski, condenado por pedofilia na década de 1970, já disse que o movimento é uma "histeria coletiva", Terry Gilliam comparou a mobilização com uma "máfia" e Michael Haneke considera que as denúncias representam uma "caça às bruxas".
Em 2015 Sean Penn processou o diretor Lee Daniels depois que o cineasta usou "Ele não fez nada que Marlon Brando ou Sean Penn não tenham feito" como um argumento para defender o ator Terrence Howard de acusações de violência contra a mulher. Na década de 1980, quando Penn era casado com a cantora Madonna, tabloides publicavam notícias sobre casos de violência doméstica envolvendo o casal. Durante o processo de Penn contra Daniels, Madonna chegou a sair em defesa do ex-marido. "Estou ciente das acusações de um alegado incidente que ocorreu em junho de 1987, quando (de acordo com os tablóides), o Sean me bateu com um taco de basebol. Essas e outras alegações são completamente revoltantes, maliciosas, negligentes e falsas", disse a atriz na época.