O Festival Indie ocupa um espaço singular dentro da agenda cultural de São Paulo: o evento traz títulos inéditos, premiados em grandes festivais, e que tenham em comum a pesquisa de linguagem, o formato ousado e atípico. Em outras palavras, estes filmes perturbam, interrogam, levam à reflexão. Para quem percorre os títulos do circuito comercial em busca de uma forma de cinema mais arriscada, o Indie é uma ótima pedida.
Esta foi a nossa conclusão após ver três títulos muito distintos no primeiro dia de cobertura do festival. O alemão À Deriva, de Helena Wittmann, busca não apenas mostrar mulheres num fim de semana, navegando sem rumo pelo mar, e sim transmitir ao espectador a sensação de estar igualmente perdido, sem rumo. As imagens são longas, às vezes sem conflitos, mas de uma beleza impressionante.
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O italiano Os Indesejados da Europa parte de fatos históricos, em especial a partida de franceses e demais europeus pelos Pirineus, rumo à Espanha, na tentativa de fugir à ocupação nazista. O personagem principal é o filósofo Walter Benjamin, morto em 1940 nesta travessia. Com um preto e branco sóbrio, o drama evita todo sentimentalismo e narratividade para mergulhar o espectador na perigosa caminhada pelas montanhas.
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Enquanto isso, o chinês A Viagem da Família mostra as circunstâncias especiais de uma família, parte morando na China continental, parte em Hong Kong, obrigada a se encontrar em segredo em Taiwan. A fuga ocorre porque a filha é uma cineasta consagrada, porém exilada após fazer filmes contrários ao governo. Partindo da crítica à falta de liberdade de expressão, o diretor Liang Ying faz uma crônica familiar simples e comovente.
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O Indie também traz filmes renomados como Asako I & II, integrante da competição oficial em Cannes, e Estação do Diabo, destaque do festival de Berlim. O evento vai até o dia 19 de setembro, em São Paulo. Para mais informações, consulte a página oficial.