Para além de ser uma vencedora do Oscar e uma das estrelas mais populares de Hollywood, Viola Davis é muito mais do que uma atriz famosa: ela também é uma proeminente ativista pelos direitos das mulheres e dos negros na indústria. E foi o despertar de seu lado mais combativo e político que a fez se arrepender de um de seus papéis mais celebrados: o da empregada Aibileen Clark, em Histórias Cruzadas.
"Sinto que, no fim das contas, as vozes das empregadas não foram ouvidas. Conheço Aibileen. Conheço Minny. Elas são a minha avó. São a minha mãe. E se você faz um filme como Histórias Cruzadas, com essa premissa, quero saber como é que as empregadas negras se sentiam trabalhando para patrões brancos [...] quero saber como elas se sentiam sobre isso. E nunca ouvi nada disso no decorrer do filme", explicou Davis, em entrevista ao New York Times.
Reforçando que não lamenta totalmente ter participado do projeto por causa das amizades que fez durante as filmagens e da colaboração com o diretor Tate Taylor, a protagonista do suspense As Viúvas, de Steve McQueen, apontou o principal problema de Histórias Cruzadas, já discutido há alguns anos pelo público e crítica: o fato de que as mulheres brancas recebem maior atenção e mais crédito na trama do que as mulheres negras, uma questão de protagonismo e desequilíbrio que se reflete na indústria cinematográfica - e, infelizmente, em todos os setores da sociedade.
Vale lembrar que, recentemente, Davis denunciou a disparidade salarial entre atrizes brancas e negras em Hollywood, demandando uma compensação justa por sua aclamada carreira: "As pessoas dizem, 'Você é a Meryl Streep negra. Nós te amamos. Não há ninguém como você'. Ok, então se não há ninguém como eu, que me paguem o que eu mereço receber", decretou a atriz, no último mês de fevereiro.
A estrela retorna às telonas brasileiras com As Viúvas, no dia 29 de novembro.