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    Festival de Gramado 2018: Problemáticos longas gaúchos encerram a mostra competitiva

    Curta sobre a ditadura militar foi o destaque da noite.

    Quem passou, passou. Quem não passou, agora só ano que vem. A mostra competitiva do 46º Festival de Gramado chegou ao fim na chuvosa sexta-feira com a exibição de quatro títulos nacionais e ainda a entrega do Troféu Cidade de Gramado ao ator Ney Latorraca, homenagem que contou com a inesperada participação de Claudia Raia, sua amiga de longa. Os curtas impressionaram mais do que os longas e foram destaque também nos discursos dos realizadores, que criticaram o fato das novas resoluções da Ancine desconsiderarem o formato em seu controverso modelo de pontuação.

    Edison Vara / Pressphoto

    O primeiro filme do derradeiro dia foi pesado. Torre, de Nadia Mangolini, é uma animação belíssima que ilustra relatos de quatro irmãos cujos pais foram perseguidos pela ditadura militar. Cada um fala o que lembra e cada depoimento é acompanhado por um diferente estilo de animação, começando no rabisco mais simples para a caçula e depois ganhando cores, outras formas, novas texturas. Excelente em forma e conteúdo.

    Incluído na competição após a saída de Correndo AtrásO Avental Rosa é o primeiro filme autoral de Jayme Monjardim - nas palavras do próprio cineasta - e tem como protagonista Alice (Cyria Coentro), uma solitária acompanhante de pessoas doentes. O arco da personagem é lamentável, o sentimentalismo é de novela ruim e nem a campanha que o filme tenta levantar em nome do voluntariado é bem transmitida. Leia a crítica.

    Apenas o Que Você Precisa Saber Sobre Mim encerrou a competitiva de curtas com uma narrativa minimalista, próxima da supressão de palavras de Kairo e Plantae, mas levando-a ao limite - algo curioso considerando o tamanho longo de seu título. A indefinição faz parte da trama e a coragem de assumi-la totalmente no desengonçado romance adolescente é uma boa sacada da diretora Maria Augusta V. Nunes.

    A Cidade dos Piratas, de Otto Guerra, foi o último filme exibido no Festival de Gramado 2018 e, se a última impressão é a que fica, pode-se dizer que foi uma edição difícil de acompanhar. A animação com Laerte, sobre Laerte e estrelada pelos personagens de Laerte tem informações e labirintos em excesso, limitando a diversão aos espectadores minimamente familiarizados com os quadrinhos da cartunista. Mesmo a presença do diretor perdido dentro da animação, que poderia resultar em alívio e certo eixo para o público tonteado, mais confunde do que explica, inserindo uma nova camada de inacessibilidade. É impossível entender tudo que se passa na tela, ainda mais numa única sessão, mas algumas piadas superam as barreiras da falta de códigos, tratando de questões de conhecimento geral, especialmente política, de maneira espirituosa. Leia a crítica.

    Na noite deste sábado serão anunciados os premiados e Benzinho desponta como favorito ao prêmio principal. As Herdeiras é barbada entre os estrangeiros e Karine Teles (Benzinho) é a mais cotada ao Kikito de melhor atriz.

    A categoria melhor ator é mais difícil de prever pela dúvida se Osmar Prado foi considerado pelo júri ator principal ou coadjuvante em 10 Segundos para Vencer. Certo é que ele não sairá de mãos vazias da cidade e, caso a vitória ocorra em papel secundário, Fabrício Boliveira deverá levar o Kikito por Simonal. Confira as críticas dos longas exibidos em Gramado.

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