Para um filme sobre zumbis, até que One Cut of the Dead tem levado uma vida longa e próspera. A produção japonesa de baixíssimo orçamento une terror e comédia sob a direção de Shin'ichirô Ueda, jovem cineasta que realizou o longa-metragem como uma espécie de trabalho final de um workshop para diretores e atores em Tóquio.
Com apenas 3 milhões de ienes, algo em torno de US$ 27 mil dólares, o filme já arrecadou mais de US$ 10 milhões nas bilheterias. O orçamento é tão pequeno que representa 0,014 % do custo de um blockbuster zumbi como Guerra Mundial Z. Para ter noção do lucro que One Cut of the Dead já alcançou, basta dizer que o filme conseguiu US$ 370 para cada dólar investido no orçamento da produção.
O sucesso do projeto em muito se deve à sua proposta ousada de brincar com os códigos do gênero de filme de zumbi dosando experimentalismo e metalinguagem. A trama acompanha uma equipe de jovens cineastas que está disposta a rodar um filme de terror de custo mínimo em um local que foi palco de experimentos governamentais secretos. Na locação, os produtores e atores logo descobrem que o local está amaldiçoado pelos mortos e zumbis passam a aterrorizar a equipe. No que se refere à forma, um destaques de One Cut of the Dead é o plano-sequência de 37 minutos que abre o filme.
No Rotten Tomatoes, o filme tem 100% de aprovação e uma nota média de 7.9/10 com base em 11 resenhas contabilizadas. "Embriagado de sua energia faça-você-mesmo e apaixonado por tudo que faz, One Cut of the Dead é uma eufórica ode ao caos", diz o texto do site Indiewire. Para o The Hollywood Reporter, o filme é "hilariante" e causa um "motim de risadas". Na opinião da Variety, o filme não se resume em seu plano-sequência inicial. "Depois disso ele aperta o botão de reset e se torna uma divertida sátira do gênero de filmes de baixo orçamento — e eventualmente se torna um uma charmosa comédia dramática para a família."
One Cut of the Dead foi exibido em um cinema de arte de Tóquio por seis dias com distribuição da instituição onde Ueda fez seu workshop. Sua primeira sessão no Japão foi em novembro de 2017 e o filme segue em cartaz na Terra do Sol Nascente desde então. Ao longo destes impressionantes 10 meses em cartaz, o filme se expandiu tanto que atualmente está presente em 200 salas de cinema do circuito japonês. No Brasil, One Cut of the Dead foi exibido com o título Plano-Sequência dos Mortos durante o Fantaspoa (I Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre).
O sucesso do filme no Japão foi tão grande que o projeto atraiu controvérsia. Ueda afirmou que o roteiro do filme é inspirado em uma peça que ele assistiu cinco anos antes de dirigir o longa-metragem. Ryoichi Wada, autor da peça em questão, inicialmente adotou uma postura amigável em relação ao filme, mas agora estuda processar Ueda por plágio.